Diante dos mais altos índices de reprovação de um presidente da República e de crescentes denúncias de envolvimento de políticos do PT em esquemas de corrupção, o partido admite erros. A cúpula da legenda defende a tese de que é preciso admitir as falhas e reconhecer que desvios foram cometidos por correligionários importantes, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. O reconhecimento dos erros é visto pelas lideranças petistas como uma condição de sobrevivência do partido. As informações são do jornal O Globo.
Segundo reportagem, um ministro petista afirmou que não é possível ignorar a inteligência dos militantes e da população sobre o que vem sendo revelado nas investigações de corrupção da Petrobras, as quais levaram Dirceu à prisão pela segunda vez. O ex-tesoureiro do partido João Vaccari também foi preso pela Lava-Jato. Na era Lula, o então tesoureiro Delúbio Soares e o ex-presidente do partido José Genoino, assim como Dirceu, foram condenados no mensalão.
“Estamos com o ex-ministro da Casa Civil preso, o ex-tesoureiro do partido preso. Já tivemos outro tesoureiro preso. Se não fizermos autocrítica, não vamos conseguir reconstruir o PT”, disse o ministro.
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Presidente do PT, Rui Falcão, no entanto, não apoia a ideia. Para ele, os efeitos da admissão de responsabilidade sobre os malfeitos cometidos no passado recente por alguns integrantes da legenda seriam ainda mais negativos.
De acordo com o jornal, um petista histórico disse que os companheiros de partido vivem um misto de medo, decepção e irritação. A prisão de Dirceu por suspeita de enriquecimento pessoal e ilícito é considerada um dos principais responsáveis pela perda de confiança dos correligionários. “Eu me arrependo de não ter gritado: “Zé, não pode misturar o público com o privado. Não pode se locupletar”, disse um petista veterano.
Outra estratégia que vem sendo cogitada é a reaproximação com movimentos sociais. Com esperança de que a crise econômica se amenize no próximo ano, o problema encontrado na atualidade é conciliar as causas populares com o corte de gastos. O presidente da sigla vem fazendo o meio de campo. Ele tem conversado com dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e, na quinta-feira (6), Dilma sinalizou que está disposta a adotar reivindicações do grupo.
Por sua vez, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), cobra reforma agrária, e o governo acenou, também na semana passada, com o aumento do orçamento para a política agrária.