Após o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB) anunciar rompimento com o governo de Dilma Rousseff, o Palácio do Planalto divulgou nota em que diz que a Presidência da Casa deve ser pautada pela imparcialidade e impessoalidade, independente da “posição de cunho estritamente pessoal” de Cunha.
“O Governo espera que esta posição não se reflita nas decisões e nas ações da Presidência da Câmara que devem ser pautados pela imparcialidade e pela impessoalidade. (…)Neste momento em que importantes desafios devem ser enfrentados pelo País, os Poderes devem agir com comedimento, razoabilidade e equilíbrio na formulação das leis e das políticas públicas,” diz a nota.
Por meio da nota, a Presidência ainda afirmou que desde o governo do ex-presidente Lula, o PMDB é um importante aliado para dar sustentação aos projetos petistas. “Tanto o Vice-Presidente da República como os Ministros e parlamentares do PMDB tiveram e continuam tendo um papel importante no Governo”.
A decisão de Cunha de deixar a base de sustentação do governo veio logo após um delator da Operação Lava Jato, o ex-consultor da Toyo Setal Julio Camargo, declarar que o presidente da Casa o pediu 5 milhões de dólares em propina. O Planalto, então, não deixou de fora comentários sobre a força-tarefa da Polícia Federal. “Governo sempre teve e tem atuado com total isenção em relação às investigações realizadas pelas autoridades competentes, só intervindo quando há indícios de abuso ou desvio de poder praticados por agentes que atuam no campo das suas atribuições”, reitera nota.
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Fora da base
Na coletiva de imprensa concedida nesta manhã em que Cunha anunciou o rompimento, ele politizou a Operação. Para o peemedebista, a intenção do governo é evidente. “Está muito claro para mim que esta operação é uma orquestração do governo. Esta lama, eu não vou aceitar estar junto dela. Eu não sou como eles [adversários governistas]”, fustigou.
PublicidadeAo iniciar a entrevista, Cunha leu trechos do depoimento de Julio Camargo, desqualificando seu conteúdo e dizendo que, por ter foro privilegiado, não poderia ver seu nome envolvido em depoimento prestado em primeira instância.
O deputado disse que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que seu inquérito saia da 1ª instância da Justiça em Curitiba, onde foi colhido o depoimento de Camargo, e fique restrito à corte. Para o deputado, os trabalhos foram irregularmente conduzidos por um juiz, Sérgio Moro, que “acha que é dono do mundo”.
O parlamentar fluminense disse ter comunicado sua decisão ao vice-presidente da República e companheiro de partido, Michel Temer, e ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também investigado na Lava Jato. Segundo Cunha, ambos respeitam seu posicionamento. Lideranças peemedebistas no Congresso têm evitado polemizar o assunto e se limitado a dizer que também respeitam a reação do deputado.