A assessoria de Temer confirmou um dos encontros, realizado em 2014, três meses antes das eleições, no gabinete da Vice-Presidência, no anexo do Palácio do Planalto. Pelas mensagens analisadas pela perícia não é possível saber o tema tratado. A assessoria do presidente interino atribuiu a “razões técnicas” a não inclusão da reunião na agenda oficial. O peemedebista afirma que o empreiteiro informou, no encontro, que faria uma doação eleitoral ao PMDB. Naquele ano, a Andrade Gutierrez doou R$ 11,4 milhões ao PMDB.
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“Você pode sair e ir ao Jaburu me encontrar e ao michel se quiser”, escreveu Cunha em 30 de julho de 2014 a Otávio Azevedo. “Que horas no michel?”, perguntou o presidente da Andrade Gutierrez. “Michel eu vou às 12 e fico até 14h30”, respondeu o deputado. “Chego às 14h, ok?”, confirmou o executivo. Meia hora depois, o deputado corrigiu: “Não será mais Jaburu e sim gabte da vice”. A resposta de Azevedo foi “Ok”.
De acordo com O Globo, em dezenas de conversas entre 2011 e 2014, Cunha e Azevedo acertaram mudanças “em segredo” de textos legislativos, encontros e até pagamentos a serem realizados em contas do PMDB e de empresa do deputado. Além do WhatsApp, os dois também usavam aplicativos que destroem as mensagens.
Segundo o jornal, a perícia mostra que, em 4 de abril de 2012, Cunha tentou intermediar com Temer em São Paulo. Nesse dia, Temer teve audiências oficiais, registradas na agenda. Às 15h49m, Cunha escreveu a Azevedo: “O michel cansou de te esperar e foi embora. fiquei só eu”. O executivo respondeu: “Você é que me interessa. O Michel é um grande líder e eu não poderia incomodá-lo. Mas na verdade não sabia que ele estaria aguardando com você. Estou chegando mas tem alguma merda acontecendo na cidade. abs”. Cunha deu risadas: “Rsrsrsrs abs”.
Quatro meses depois, há registro de marcação de um novo encontro de Temer com Azevedo, na residência oficial do vice. O deputado afastado disse ao Globo não se recordar dos diálogos nem se houve encontro entre o presidente interino e o executivo.
Sem intermediários
A assessoria de Temer disse ao Globo que o peemedebista e o então presidente da Andrade Gutierrez tinham “relacionamento institucional e não precisavam de intermediários para marcar encontros”. O presidente interino afirmou não se lembrar se os encontros em 2012 ocorreram.
Otávio Azevedo foi preso duas vezes na Operação Lava Jato. A primeira, em 19 de junho de 2015, na Operação Erga Omnes, que prendeu os maiores empreiteiros do país. A segunda, em fevereiro deste ano, por suspeita de pagamento de propinas nas obras de Angra 3. Mas passou apenas um dia preso em Curitiba. Passou ao regime de prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica, após fazer acordo de delação premiada.
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