Apesar do resultado negativo de seu indicado, Eduardo Cunha disse não se considerar derrotado na disputa pela liderança do partido na Câmara. “Até agora não perdi uma disputa de que participei. Nem esta, porque não estava concorrendo”, disse Cunha. A briga pelo cargo de líder envolveu o Planalto porque o PMDB tem 75 deputados, é a maior bancada na Câmara e, em consequência, terá maioria na comissão processante do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff com nomes indicados pelo líder.
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“Não houve interferência do governo na minha eleição. A presidente Dilma não participou desta discussão, até porque ela é filiada ao PT e este debate ficou restrito ao PMDB”, disse Picciani. Ganhador, Picciani agora faz discurso de conciliação. Outros dois deputados votaram em branco, um deles foi José Fogaça (RS). Os deputados Marinha Raupp (RO) e Jarbas Vasconcelos (PE) não participaram da votação.
A crise na bancada começou no fim do ano passado depois que Picciani indicou peemedebistas contrários ao impeachment à comissão responsável por analisar o processo de impedimento da presidente. O racha no PMDB da Câmara entre governistas e oposicionistas já é um dado histórico do partido. Nos tempos atuais existe desde a posse da presidente Dilma no primeiro mandato.
Ex-aliado de Cunha, Picciani se aproximou do Planalto após a reforma ministerial do ano passado e assumiu publicamente discurso contra o impeachment da presidente. Hugo Motta, que presidiu a CPI da Petrobras a mando de Eduardo Cunha, era a aposta do presidente da Casa para derrotar, de uma só vez, seu antigo companheiro e hoje desafeto e o Planalto.
Solidariedade
PublicidadeA eleição para a liderança do PMDB na Câmara ganhou contornos inéditos. O candidato a líder do grupo oposicionista da legenda, Hugo Motta, recebeu um reforço de outro partido, o Solidariedade. A legenda dirigida pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SP) financiou um trio elétrico e um grupo com dez pessoas fantasiadas de mosquito Aedes aegypti para uma manifestação antes e durante a votação para a escolha do líder do PMDB contra a reeleição de Leonardo Picciani.
Do lado de fora da Câmara, próximo à sala onde a bancada do PMDB se reuniu nesta tarde, um trio elétrico tocava uma música especialmente composta para acusar Picciani de apoiar o governo da presidente Dilma Rousseff, ser contra o impeachment e ter se vendido ao PT. O veículo trazia uma faixa com fotos de Picciani beijando a presidente Dilma no rosto, com canções ofensivas contra o peemedebista.