Duas importantes lideranças petistas na Câmara criticaram na tarde de hoje (2) a greve dos controladores de vôo, que paralisou os aeroportos do país na última sexta-feira (30).
O presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (SP), ressaltou a “responsabilidade direta” dos profissionais das torres no episódio. Minutos depois, o líder do PT, Luiz Sérgio (RJ), avaliou que a categoria “passou do ponto”.
Para Chinaglia, apesar dos traumas dos controladores depois do acidente com o vôo 1907 da Gol, em setembro passado, esses profissionais têm horários para descanso.
“Não há sobrecarga de trabalho”, disse. “O fato mais recente é que os controladores estão em campanha tanto salarial quanto para mudar o regime [de militar para civil]”, continuou o presidente da Casa. No mesmo Salão Verde onde Chinaglia falara minutos antes, o líder do PT endossou a crítica. “Eles passaram do ponto e chegaram ao limite da irresponsabilidade”, comentou Luiz Sérgio. (Eduardo Militão)
STF critica greve dos controladores
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello se pronunciou hoje (2) sobre a greve dos controladores de vôo, iniciada na última sexta-feira. Ele afirmou que a categoria agiu de modo “criminosamente irresponsável” ao paralisar as suas atividades no início da noite do último dia 30.
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De acordo com o ministro, os passageiros que entrarem com ações na Justiça terão que ser indenizados pela União que, por sua vez, poderá cobrar, posteriormente, o prejuízo dos controladores.
“Os fatos foram extremamente graves. Os controladores agiram de modo criminosamente irresponsável. Espera-se que o Ministério Público Militar adote providências nesse sentido. Esse comportamento irresponsável dos controladores vai gerar, sim, o dever de a União Federal indenizar todos os passageiros, inclusive por danos materiais e morais”, afirmou.
O ministro também afirmou que os grandes prejudicados com a greve dos controladores são os cidadãos. “Há outras maneiras de reivindicar. O que não tem sentido é praticar atos que geram uma perturbação enorme, que ocasionam danos materiais e morais imensos à multidão dos usuários, que são os consumidores dos serviços de transporte aéreo. No fundo dessa atitude resulta um ônus para o próprio cidadão, que somos nós, mediante pagamento de tributos, dando suporte financeiro ao aparelho de estado”, declarou. (Rodolfo Torres)
Procurador da Justiça Militar quer identificar grevistas
O procurador da Justiça Militar Giovanni Rattacaso protocolou hoje (2), junto ao Comando da Aeronáutica, um pedido de abertura de inquérito para identificar os responsáveis pela greve dos controladores de vôo, que teve início na última sexta-feira (30).
Segundo o procurador, os controladores envolvidos na paralisação poderão pegar de quatro a oito anos de reclusão, ou serem expulsos definitivamente da Aeronáutica.
A Aeronáutica tem 10 dias para indicar o oficial que fará a investigação. Esse oficial terá um prazo de 40 dias para devolver ao Ministério Público Militar (MPM) documento com os detalhes da investigação. O MPM, então, terá mais 20 dias para dizer se pede ou não à Justiça Militar a abertura de Inquérito Policial Militar (IPM) contra os envolvidos.
"Insubordinação é quando apenas uma pessoa se nega a cumprir uma ordem. Motim é quando pelo menos dois fazem isso", disse o procurador. "O crime será julgado com base no que aconteceu no dia 30 de março de 2007. Se o controlador era militar nesse dia, será julgado como tal", complementou. (Rodolfo Torres)
Controladores: sem greve na semana santa
A Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo (ABCTA) afirmou hoje (2) que não vai ocorrer greve na semana santa. Segundo Ulisses Fonteneli,controlador aposentado e assessor de comunicação da associação, "o que aconteceu no fim de semana nos aeroportos de todo o Brasil foi um acaso, coisa de momento".
Fonteneli disse que melhorou "100%" com a saída dos oficiais da Aeronáutica, e que tem muito controlador se apresentando espontaneamente para trabalhar, para ajudar na normalização dos vôos.
"Sabemos que a população foi prejudicada, mas não foi essa a nossa intenção’, afirmou. Fonteneli disse ainda que a situação agora mudou, que ainda vai ser feita uma negociação para o reajuste salarial, "já que muitos controladores vão assumir postos de chefia", e defendeu também a anistia dos controladores.
"O governo tem que cumprir a palavra dele, ele tem mecanismos para fazer a anistia", declarou. (Lucas Ferraz)
Infraero: crise nos aeroportos termina hoje às 21h
Em entrevista à GloboNews, o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, disse ontem (1º) à noite que a situação nos aeroportos brasileiros estará normalizada até as 21h de hoje. O brigadeiro classificou como uma “afronta” a greve dos operadores de vôo. Segundo ele, o espaço aéreo brasileiro poderia ser interditado se o governo não tivesse cedido nas negociações.
Na semana passada, antes do início da novo protesto dos operadores, o presidente Lula havia cobrado data e horário para o fim da crise aérea.
A situação nos aeroportos começa a se normalizar depois do caos instalado na última sexta-feira (30). De acordo com a Infraero, o total de vôos atrasados no país até o início da noite de ontem foi pouco superior a 20%. Anteontem (sábado, 31), um dia depois de o governo selar o acordo que pôs fim à greve dos controladores de vôo, esse percentual chegou próximo de 40%.
A situação no domingo não foi nem de longe comparável ao caos ocorrido na sexta-feira, quando o movimento dos controladores parou os aeroportos brasileiros. Na grande maioria das cidades, os atrasos de vôos ficaram abaixo de 20%. Foi o caso, por exemplo, dos índices de atraso verificados no Galeão (Rio) e em Congonhas (São Paulo).
Mesmo assim, os problemas persistem. Os cinco aeroportos com maior índice de atraso ontem foram os de Belém (42,3%), Salvador (38,5%), Brasília (31,9%), Recife (28%) e Guarulhos (26,4%).
De acordo com a Infraero, de 1.127 vôos previstos até as 18h20 de domingo, 230 tiveram atrasos de mais de uma hora, enquanto 18 (1,6%) foram cancelados.
Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a greve dos controladores de vôo afetou 18 mil passageiros apenas entre sexta e sábado. (Lúcio Lambranho e Edson Sardinha)