Envolvido no inquérito da Polícia Federal para apurar suposta compra de votos em um churrasco, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) entende que a acusação é superficial e será arquivada, mas o caso vai tramitar por até cinco anos. “Até lá, vou ser manchete”, queixou-se o senador ao deixar o gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski na companhia do deputado Luiz Pitiman (PSDB-DF), outro citado no caso. Assim como o deputado fez, Cristovam vai pedir nesta semana a exclusão de seu nome do inquérito, que ainda envolve o governador Agnelo Queiroz (PT), o senador Rodrigo Rollemberg (PSB) e os deputados federais e distritais Érika Kokay, Policarpo e Patrício, todos do PT.
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Como revelou o Congresso em Foco, o inquérito contém uma denúncia anônima e um CD com 64 fotos de uma churrasco com políticos de Brasília em 2010, acusando-os de comprar votos. “Teoricamente, se você está oferecendo alimentação e bebida gratuitamente, você está oferecendo uma vantagem que a lei proíbe. Isso configura um crime eleitoral”, disse o procurador regional eleitoral Elton Ghersel, que conduziu o caso até ele ser remetido ao Supremo.
PF investiga Agnelo, Cristovam, Rollemberg e deputados por compra de votos
Cristovam e Pitiman foram recebidos por Lewandowski no final da tarde de sexta-feira (31). De acordo com o deputado e auxiliares do ministro, o magistrado apenas disse que daria andamento normal ao inquérito. O senador disse que falou com Lewandowski de sua preocupação com a demora nos procedimentos e os danos à imagem dos políticos. Cristovam não revelou o que o ministro teria respondido sobre isso. De acordo com o senador, uma denúncia da época em que foi governador do Distrito Federal (1994-1998) gerada por um relatório de 100 dias de gestão levou 18 anos para ser arquivada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
No caso do churrasco, o CD mostra fotografia de uma pessoa com um bottom de campanha de Cristovam no peito, segundo Pitiman, que possui uma cópia do inquérito assim como o senador Rollemberg. “Uma denúncia anônima? Um bottom meu?”, irritou-se o Cristovam. Na conversa com o ministro, o senador e Pitiman lamentaram que o processo tenha chegado no STF mesmo baseado em denúncia anônima e em 64 fotos que não mostrariam nenhum dos dois. “Não cometemos nenhum crime”, disse Pitiman.
O deputado não revelou quais eram os políticos que realmente apareciam nas fotos ou não. Desde o dia 23, a reportagem solicita cópia dos papéis a Pitiman, Rollemberg e ao ministro Lewandowski, mas nunca foi atendida.
De acordo com parecer do procurador Elton Ghersel ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Distrito Federal, a presença dos materiais de campanha em cabos eleitorais seria “indício” da presença de políticos no local. Entretanto, em defesa apresentada, Pitiman disse que, ainda que estivesse no churrasco e fosse organizador, isso não significaria compra de votos de acordo com julgamentos recentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Rollemberg diz que estava na festa, onde ficou “alguns minutos”. Cristovam afirma que não se recorda do evento, mas nenhum assessor seu localizou o churrasco em questão na agenda da campanha de 2010. Érika Kokay se recorda de dois eventos na zona rural como os mencionados por Rollemberg, mas não soube precisar se era a mesma festa. Pitiman nega ter estado lá. O advogado de Agnelo se limitou a dizer que participar de churrasco “faz parte da cultura do brasileiro. Policarpo e Patrício não responderam aos questionamentos da reportagem e o empresário Sérgio Henrique de Melo, que seria o proprietário da chácara, não foi localizado.
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