Um dos sete alvos de inquérito para apurar compra de votos em um churrasco nas eleições de 2010, o senador e ex-governador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse duvidar da denúncia que chegou ao Ministério Público há quatro anos, mas só há um mês começou a ser analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Além dele, estão envolvidos na investigação da Polícia Federal os três pré-candidatos ao governo de Brasilia, o atual governador, Agnelo Queiroz (PT), o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), e o deputado Luiz Pitiman (PSDB-DF) e outros três parlamentares do PT.
“Sinceramente não vejo o menor sentido”, escreveu Cristovam em bilhete enviado por correio eletrônico ao Congresso em Foco, depois que o site revelou a existência do inquérito.
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Como mostrou o site, uma denúncia anônima chegou em setembro de 2010 à Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) com 64 fotos em um CD. As imagens mostram a presença de políticos e de cabos eleitorais portando camisetas, adesivos e faixas de campanha durante um churrasco. A investigação está parada desde então porque só agora o STF, que pode apurar acusações contra senadores e deputados, recebeu o inquérito da Polícia Federal.
O senador Cristovam disse que ele e sua assessoria jamais tomaram conhecimento do assunto. “Por isso, fico agradecido pela informação. Vou procurar saber do assunto e estou à sua disposição.” Entretanto, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Distrito Federal, que começou a analisar a denúncia, registra que o senador foi intimado do caso em novembro de 2012.
Desde quinta-feira (23), o governador Agnelo Queiroz não se manifestou sobre o caso. A reportagem deixou recados por escrito, por telefone e com assessores da Secretaria de Comunicação do Governo do Distrito Federal. Não houve retorno até o momento.
Rollemberg, um dos postulantes ao governo, estava no churrasco, mas disse que não houve compra de votos e que sequer sabe quem o organizou o evento. De acordo com a denúncia nas mãos do Ministério Público, o almoço aconteceu na chácara do empresário Sérgio Henrique de Melo, dono da Formato Engenharia.
Luiz Pitiman, outro pré-candidato, afirma que sequer estava presente na festa. Diz que as fotos mostram que havia apenas faixas com seu nome no chão do estacionamento. Mas o Ministério Público considerou isso um indício da sua presença, o que deve ser apurado.
O caso está com o ministro Ricardo Lewandowski. Ele deve decidir se remete a papelada de 192 páginas para o procurador geral da República, Rodrigo Janot, antes de dar prosseguimento ao caso. Em 2011, a PF pediu para ouvir o senador Rodrigo Rollemberg sobre o churrasco e a denúncia de compra de votos. Mas o TRE-DF decidiu que só o Supremo Tribunal Federal poderia cuidar do processo por envolver senadores e deputados.
Íntegra do bilhete de Cristóvam
“Não tenho o menor conhecimento deste assunto. Ninguém de minha assessoria tampouco ouviu falar nisto. Por isso, fico agradecido pela informação. Vou procurar saber do assunto e estou à sua disposição. Mas sinceramente não vejo o menor sentido”