A deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), nomeada para o Ministério do Trabalho, destina parte de sua cota parlamentar a uma locadora que de automóveis que pertence à tia de sua chefe de gabinete. Segundo a Folha de S.Paulo, a empresa declara o endereço e o telefone de um escritório de contabilidade em Brasília. Prevista para esta terça-feira, a posse da ministra foi suspensa ontem pela Justiça em caráter liminar por ela ter sido condenada em processo trabalhista. A Advocacia Geral da União recorre da decisão.
Leia também
De acordo com a reportagem, usa verba da Câmara para pagar mensalmente R$ 4 mil à Barros & Serra Serviços Executivos Rent a Car, locadora registrada em nome de Naida Maria Coelho Serra, irmã da mãe de Alessandra Serra Gama, principal assessora da nova ministra.
No endereço indicado à Receita, em Sobradinho, funciona um escritório de contabilidade, que informou ter a locadora entre seus clientes. Segundo a Folha, o escritório indicou como contato da locadora o telefone de um gabinete da Câmara, do deputado Luiz Carlos Ramos (Podemos-RJ). O deputado empregou até dezembro de 2016 Parmênio Francisco Coelho Serra, outro tio da chefe de gabinete de Cristiane Brasil.
Ele comandava a ARL Barros Serviços Executivos Rent a Car, empresa que chegou a ser a mais requisitada por deputados, igualmente sem ter sede comercial ou garagem. A firma também declarava o telefone da Lacerda Contabilidade.
<< Dinheiro para quitar dívida trabalhista de nova ministra sai de conta de funcionária, diz jornal
O nome de Parmênio ficou conhecido após reportagem do Congresso em Foco em 2013. As suspeitas em torno da empresa dele e de suas relações com os parlamentares, reveladas pelo site, levaram a Câmara a estabelecer limites para a locação de veículos.
Também resultou na abertura de investigações no Tribunal de Contas da União (TCU) e no Supremo Tribunal Federal (STF). Conforme a Folha, a Barros & Serra foi aberta no lugar da ARL, de Parmênio. É ele, ressalta a reportagem, que cuida da nova empresa.
A deputada apresentou gastos de R$ 29,1 mil com a Barros & Serra, a maior parte dos recursos foi repassada após a contratação de Alessandra como chefe de gabinete. Além da condenação trabalhista, Cristiane também foi citada como beneficiária de R$ 200 mil de caixa dois da Odebrecht, acusação que ela nega. Em nota à Folha, a ministra nomeada afirmou que aluga um Corolla da locadora a valor abaixo do praticado no mercado. “O gasto com este tipo de serviço é legal e está amparado pelo regimento da Câmara”, declarou.
<< Nova ministra do Trabalho foi condenada a pagar mais de R$ 60 mil em processo trabalhista