A deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) é investigada, desde 2010, por associação ao tráfico no Rio de Janeiro. A ministra nomeada do Trabalho é alvo de um inquérito aberto pela Polícia Civil no Rio de Janeiro que foi remetido ontem (sexta, 2) à Procuradoria-Geral da República (PGR), por Cristiane ter foro privilegiado.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, que teve acesso ao inquérito policial, Cristiane, seu ex-cunhado, o deputado estadual Marcus Vinicius (PTB) e três assessores dela na época também são investigados por supostamente dar dinheiro a traficantes para que pudessem fazer campanha com “direito exclusivo” no bairro de Cavalcanti, na zona norte do Rio. Há quase oito anos, o inquérito estava na Delegacia de Combate às Drogas do Rio.
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A investigação contra os petebistas e assessores foi aberta após duas pessoas denunciarem que, durante as eleições de 2010, quando Cristiane era vereadora licenciada e exercia o cargo de secretária de Envelhecimento Saudável na gestão de Eduardo Paes (MDB), os assessores da petebista pagaram aos traficantes para que a campanha de Marcus Vinícius tivesse exclusividade naquela área. Cristiane não era candidata, mas apoiava a reeleição do então cunhado.
O inquérito, remetido ontem à PGR, também apura se os líderes comunitários da região foram coagidos a fazer campanha. Os denunciantes tiveram os nomes preservados por segurança. Segundo uma das pessoas que procuraram a polícia, os traficantes levaram “as presidentes das associações do bairro para conversar com o chefão do morro porque elas não queriam trabalhar para a vereadora (Cristiane)”. A intenção de um dos assessores da então vereadora licenciada era, de acordo com o denunciante, que o chefão ordenasse uma surra nas líderes comunitárias ou ameaçá-las de morte caso continuassem se recusando a trabalhar para os petebistas.
De acordo com a reportagem do jornal, uma intimação para que Cristiane prestasse depoimento foi expedida em 2011, mas a deputada nunca foi ouvida. A investigação foi encaminhada ao Ministério Público Estadual do Rio e ao MPF no estado após o pedido da reportagem para ter acesso aos autos.
A deputada foi anunciada pelo governo como nova ministra do Trabalho há exatamente um mês, em 3 de janeiro. No entanto, sua posse foi suspensa por decisão liminar emitida pelo juiz federal Leonardo da Costa Couceiro, da 4ª Vara Federal de Niterói (RJ) no dia 8. O caso teve várias negativas na Justiça de primeira instância. A posse continua suspensa após decisão da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) nas primeiras horas do dia 22 de janeiro. Os advogados da deputada apresentaram, no dia 31 de janeiro, uma petição no STF para que ela possa assumir a pasta.
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