A crise política brasileira, agravada com um cenário externo adverso, acendeu o sinal de alerta dos investidores. O risco-país disparou 7,02% e atingiu 244 pontos. O dólar subiu 1,47%, para R$ 2,21, o maior nível desde 14 de julho. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuou 1,04% e fechou com o índice mais baixo desde o fim de junho.
A Bovespa acumula desvalorização de 3,70% desde a última sexta-feira, quando veio à tona o escândalo da compra do dossiê contra os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin. Muito mais do que qualquer efeito no resultado das eleições, os analistas afirmam que a principal preocupação dos investidores é em relação à governabilidade a partir de 2007.
"A alta do dólar nos últimos dois dias reflete o desconforto do mercado em relação à cena político-eleitoral", diz Jorge Knauer, gerente de câmbio do banco Prosper. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Knauer diz que um ponto importante que a atual crise levanta é o de como será o governo a partir do próximo ano. "O investidor está vislumbrando maiores dificuldades para governar em 2007", afirma.
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Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, a economista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria Integrada, diz que "o escândalo tende a dificultar o estabelecimento de acordos entre PT e oposição na aprovação de uma pesada agenda de reformas prevista para a próxima administração".
Nos Estados Unidos, a notícia desanimadora foi dada pelo braço do Fed (o banco central americano) de Filadélfia, que informou que seu índice de atividade empresarial ficou negativo neste mês, apontando desaquecimento econômico acima do desejado. O índice Dow Jones caiu 0,69%, e o Nasdaq, 0,67%.
Ontem, o risco-país dos emergentes subiu de forma generalizada. A crise de alguns "hedge funds", com recentes perdas estimadas em alguns bilhões de dólares, tem elevado a aversão ao risco. As crises políticas na Hungria e na Tailândia, que sofreu um golpe militar, têm colaborado para deixar os investidores mais cautelosos em relação aos emergentes.