R. N. Daniel Duarte *
No princípio o comércio era feito mediante troca direta de mercadorias (escambo). E já havia quem tomasse coisas sem nada oferecer em retribuição (do pequeno furto ao assalto a caravanas).
Surgiram moedas metálicas que estabeleciam valor relativo para coisas. E passou-se a roubar (também) moedas que compravam de tudo e cuja procedência dificilmente podia ser estabelecida. O rei, único habilitado a fabricar moedas legítimas, preocupava-se com falsários que disputavam com ele este privilégio.
E inventaram bancos onde moedas podiam ser guardadas em segurança; recibos de depósitos originaram o papel moeda (cédulas e cheques).
Tudo bem… até que banqueiros descobriram que podiam emprestar boa parte do dinheiro – que não lhes pertencia – a entidades dispostas a pagar pelo favor. Isso gerou os investidores, ricaços que arriscam parte de suas fortunas em troca de ganhos significativos (e são os primeiros a serem avisados de que é hora de reaver suas moedas).
A cobiça produziu especuladores que – mercê de poderio financeiro – influenciam a gangorra dos preços de ações em bolsas de valores.
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Para reduzir (sem impedir) o uso indevido de dinheiro alheio por bancos, o Banco Central do Brasil obriga-os a recolher parte substancial (algo como 30%) dos depósitos aos cofres do BC.
Seguradoras supostamente protegem banqueiros contra prejuízos causados por Jesse James, PCC et caterva. Os fundos necessários provêm de outros bancos (ou seja – de nós, correntistas) ou do governo (ou seja – de nós, contribuintes)!
Percebe-se neste sistema as seguintes fragilidades:
a) se – como aconteceu em 1929 – grande parte dos depositantes quiser sacar suas moedas, bancos não terão como honrar recibos de depósito (porque boa parte do dinheiro legítimo está na mão de terceiros);
b) o governo não dispõe de controle fidedigno da quantidade ou localização do dinheiro em circulação, uma vez que grandes transações envolvem moeda estrangeira e/ou títulos de mercado (apelido dado ao dinheiro falso cunhado por entidades privadas que pagam impostos e taxas ao mesmo governo!!??);
c) o rei não pode reduzir os gastos da corte, porque depende de sua lealdade para manter a coroa sobre a cabeça. Para suprir o Tesouro, diante da insuficiente arrecadação de impostos, conta com dois expedientes: emitir moeda legítima (produzindo inflação) e/ou tomar emprestado aos bancos (tornando-se refém e cúmplice da alienação não-autorizada);
d) ao rei, não convém fechar bancos porque são seus parceiros na administração do país.
Existe uma Proposta Brasil Zero km (http://www.brasilzero.eti.br) que substitui cédulas e moedas por algum registro indelével de transações. Isso permite determinar a origem do poder aquisitivo e facilita as investigações de crimes que envolvem interesse financeiro (furto, roubo, estelionato, seqüestro, tráfico, sonegação, corrupção…). Mas há efeitos colaterais interessantes:
a) a possibilidade de controle rigoroso do meio circulante (quanto estava na mão de quem em qualquer instante passado);
b) seria muito difícil falsificar dinheiro e muito fácil contornar prejuízos daí decorrentes;
c) bancos e empresas só poderiam usar dinheiro de papel (papagaios) com (ou melhor, contra) entidades ingênuas e/ou gananciosas demais;
d) não seria possível uma corrida aos bancos para sacar moedas; isto elimina crises econômicas como as de 1929 e a necessidade de programas caros como o Proer (dinheiro do contribuinte usado para socorrer banqueiros infelizes);
e) o governo não precisaria socorrer os bancos – porque já não existiriam;
f) não haveria preocupação com o nível da atividade econômica, porque os rendimentos do governo (impostos) e da população (benefício social) seriam amplamente independentes da produção.
As declarações tranqüilizadoras do governo vêm evoluindo de despreocupadas para prudentemente interessadas, para moderadamente preocupadas, para ativamente engajadas para… oh! Céus! Não!
Se arde a barba do vizinho, ponhamos a nossa de molho.
Além dos benefícios para a segurança pública, para a paz social e para a redução da carga tributária, a PBZk teria sido vacina e/ou antídoto para os iminentes efeitos nefastos da bolha imobiliária, pois não parece que os esforços de governos norte-americano e europeus serão suficientes para debelar a crise econômica mundial já instaurada.
Mas nunca é tarde demais para botar uma tranca na porta…
*R. N. Daniel Duarte, 68, é coordenador da Proposta Brasil Zero km. Saiba mais: http://www.brasilzero.eti.br.
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