Já aprovado em duas comissões na Câmara Legislativa, a proposta de criação de um instituto para gerir o Hospital de Base avança a passos largos e pode ser implementada ainda no primeiro semestre deste ano. O projeto, porém, é criticado por servidores do hospital. Em audiência pública realizada nesta quinta-feira (23) na Câmara, servidores, sindicalistas e representantes do governo debateram sobre o projeto, que ainda está longe de ser uma unanimidade.
Segundo o governo, o objetivo do Instituto Hospital de Base é aplicar o modelo de gestão do Hospital Sarah Kubitschek no maior centro de saúde do Distrito Federal. De acordo com a presidente da Associação dos Auditores do TCU, Lucieni Pereira, porém, o Sarah Brasília tem um orçamento anual de quase R$ 1 bi, atende 174 mil consultas anuais e realiza seis mil cirurgias, enquanto o Hospital de Base trabalha com um orçamento de R$ de 550 milhões, realiza 376 mil consultas e quase dez mil cirurgias anuais. “A comparação é falaciosa”, disse.
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Presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília, Marly Rodrigues, refutou a comparação com o hospital Sarah. Segundo Marly, a categoria considera que o instituto é uma Organização Social (OS) “disfarçada”. Marly acredita que o instituto vai burlar a lei de licitações “para o governo comprar o que ele quer do jeito que quiser”.
Em defesa do projeto, o líder do Governo, deputado Rodrigo Delmasso (Podemos), discorreu sobre o atual modelo de gestão na saúde, que se “mostra falido”. Ele explanou que o atual modelo é “igualitário, adotando o mesmo processo tanto para comprar uma caneta quanto para comprar medicamentos”. Segundo o parlamentar, isso prejudica o usuário e todo o sistema.
“É dever do gestor encontrar a melhor ferramenta jurídica e administrativa”, argumentou o secretário de Saúde, Humberto Fonseca. Ele reforçou que a proposta segue o modelo administrativo adotado pelo Hospital Sarah Kubitschek, “o mais moderno de gestão”, avaliou. Segundo ele, a gestão do Hospital de Base hoje é incompatível com a agilidade e a demanda crescentes do setor. O projeto implica melhorias, na avaliação do secretário, porque “se rege por regras próprias”. Ele argumentou pela aplicação no HB, porque o hospital é “o gigante que puxa toda a rede”.
O secretário garantiu aos servidores presentes que “nenhum direito será retirado”. Ele foi vaiado pela audiência, composta em sua maioria por servidores do Hospital de Base. Também em defesa da proposta, o diretor do HB, Júlio César Ferreira Júnior, lembrou que há 56 anos o hospital é um “gigante que se esforça para funcionar 24 por dia”. Ele manifestou que o instituto “pode ser um instrumento para ajudar a melhorar o atendimento”.
Com informações da Agência CLDF