Em todos os jornais e revistas publicados desde quarta-feira (12), a pauta preponderante é a rejeição da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 89/07, que prorrogaria por mais quatro anos a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), e suas implicações politico-econômicas.
As revistas Veja, IstoÉ, Época e Carta Capital trazem o tema em suas capas. O assunto também continua sendo tratado com destaque pelos principais jornais do país. Fiéis às suas linhas editoriais, jornais e revistas não se limitam a apenas reportar fatos acerca do assunto.
Basta analisarmos duas revistas semanais com posicionamentos divergentes, para não dizer opostos: Veja e Carta Capital. Na capa desta semana, Veja registra um título que demonstra certo contentamento com o fato de a PEC da CPMF ter sido derrubada pelos senadores: “À CPMF eles disseram… basta!”. Ou seja, recorrendo a certo coloquialismo na linguagem, com uma exclamação fechando a frase e reticências sugerindo expectativa, a revista dá sinais de como a matéria abordará a notícia: tentará demonstrar que, com o fim da CPMF, “o Brasil amadureceu”.
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A abordagem se confirma no seguinte trecho introdutório: “(…) o Senado jogou uma casca de banana no caminho dos condutores da política econômica. Eles não pisaram. O Executivo decidiu tratar com realismo a queda da CPMF e suas conseqüências (…). Em uma sentença: o Brasil amadureceu”.
Já a revista Carta Capital, com o irreverente título “As batatas do vencedor”, prefere ressaltar o “desarranjo” que o fim da CPMF provocará nas contas do governo. Além disso, a matéria explora a vendeta política por trás da questão suprapartidária, mencionando figuras antagônicas ao presidente Lula e seu governo, como o ex-presidente Fernando Henrique e seu “lugar-tenente”, Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB no Senado. A revista revela certo desalento com o seguinte subtítulo: “Na última hora, a oposição desfaz acerto com o governo e derruba a CPMF”.
Veja o seguinte trecho da matéria da Carta Capital: “(…) ganharam o ex-presidente FHC, principal articulador da resistência oposicionista, o senador Arthur Virgílio, lugar-tenente de FHC no Senado, o antigo PFL, que sempre defendeu o fim do chamado imposto do cheque, e os empresários capitaneados por Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). (…) Mas, como diz o conhecido epíteto, aos vencedores, as batatas. (…) Em 2007, a CPFM deve arrecadar cerca de 40 bilhões de reais. (…) Boa parte do dinheiro é empregada em programas sociais, entre eles as aposentadorias rurais e o Bolsa Família, de reconhecido efeito nas eleições municipais do próximo ano, que tem peso relevante no jogo da sucessão presidencial de 2010”.
Elementos para temperar a trama da novela CPMF não faltam. A julgar pelo que o presidente Lula disse ontem (14) em São Bernardo do Campo (SP), e todas as edições dos jornais de hoje registram, “quem votou contra a prorrogação não usa o SUS”, mas deve continuar dando trabalho à equipe econômica do governo, bem como aos parlamentares governistas. (Fábio Góis)
Veja a repercussão do fim da CPMF nas manchetes dos jornais e revistas.