A CPI do Tráfico de Armas vai fazer uma acareação nesta quinta-feira (25) entre os advogados Sérgio Wesley da Cunha e Maria Cristina de Souza Rachado e o operador de áudio Artur Vinicius Pilastre Silva. Artur Vinicius confessou ter vendido aos dois, por R$ 200, a gravação com os depoimentos tomados pela comissão em sessão reservada realizada no último dia 10.
Os advogados, que defendem criminosos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), negam ter comprado o CD com a gravação. Mas, ao serem ouvidos hoje pela CPI, não falaram a mesma língua.
Agora à noite, ao serem acareados após terem prestado depoimentos isoladamente, eles caíram várias vezes em contradição. Maria Cristina disse que havia alertado o colega que eles entrariam em uma "roubada" se obtivessem o CD. Wesley desmentiu e sustentou a versão que dera antes aos parlamentares: nada fez de errado, não se arrepende do que fez, e mostrou a convicção de possuir o "direito constitucional" de conhecer o conteúdo do depoimento do seu cliente Leandro Lima de Carvalho à CPI.
Leandro, acusado de ser um dos líderes do PCC e que foi preso com uma grande quantidade de armas e munições, foi ouvido pela comissão na mesma reunião reservada em que prestaram depoimento o diretor do Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado (Deic), Godofredo Bittencourt Filho, e o delegado Ruy Ferraz, que estão à frente dos esforços feitos pelo governo paulista para combater o PCC.
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Na acareação, encerrada pouco depois das 23h de hoje (terça, 23), Wesley também negou a versão da colega de que não teve acesso ao conteúdo da gravação. Segundo ele, a acareação com Artur Vinicius deixará isso claro. Além da acusação de subornarem o técnico de som, que trabalhava como funcionário terceirizado da Câmara, os advogados são acusados de repassarem o CD para o líder máximo do PCC, Marcos Camacho, o Marcola.
Para o relator da CPI, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), o vazamento do áudio teve um objetivo específico: a vontade de Marcola de saber se Leandro o traiu durante o depoimento à comissão. "As pessoas que trabalham para o PCC vivem em clima de terror", afirmou ele. Na sua opinião, Wesley da Cunha buscou para o seu cliente "um salvo-conduto diante de Marcola".
Às 14h desta quarta-feira (24), no Plenário 12, a Câmara realizará audiência pública para debater o bloqueio de aparelhos celulares nos presídios brasileiros. Foram convidados os presidentes da operadora Claro, Luís Cosío; da Vivo, Roberto Lima; da TIM, Mário Cesar Pereira de Araújo; e da OI, Luiz Eduardo Falco.