O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE), falou agora há pouco ao Congresso em Foco sobre a composição e a natureza da CPI Mista dos Cartões Corporativos, cujo requerimento de abertura foi lido hoje (6) em plenário pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN)
Para o senador, o fato de as investigações da CPI incluírem os gastos com cartão corporativo realizados no governo Fernando Henrique Cardoso é uma tática de “dispersão” do Planalto. Mais cedo, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), também falou à reportagem e disse que o requerimento poderia ser contestado, por não ter “fato determinado” (leia).
“Alvaro tem toda razão. Mas a gente também não vai passar a impressão de que temos receio de fiscalizar uma coisa ou outra que, de alguma forma, tenha relação conosco”, avisou Sérgio, defendendo a postura de FHC em relação ao assunto.
“O presidente Fernando Henrique fez lá uma carta e disse ‘olha, eu não tenho o que esconder, vocês podem fiscalizar o que quiserem, apesar de não ter razão de me fiscalizar, até porque os dados sobre meu governo estão com o governo atual’, que é um governo adversário do que foi o dele”, declarou, dizendo que são outras as intenções do governo em estender as investigações ao governo anterior.
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“Na verdade, o que eles querem é dispersar, sair do foco. É aquela história: ‘eu sou, mas quem não é?’. O discurso de ‘eu não presto mas ninguém presta’. Nós não concordamos com isso, mas tem sido essa a regra da conduta permanente do PT durante todos esses últimos cinco anos”, alfinetou o tucano.
Composição
Sérgio Guerra minimizou o fato de o governo ter ampla maioria na comissão. Para ele, a instalação da CPI tem de seguir os ditames regimentais, para que não pairem dúvidas quanto à legalidade das atividades. O tucano ressaltou a complexidade do assunto, mas garantiu ter confiança na competência da presidente da comissão, sua colega de partido, para conduzir as investigações.
“Acho que a matéria é complexa, e exige tranqüilidade e comando. Tenho muita confiança na presidente, Marisa Serrano [PSDB-MS]. Se o governo quiser limpar esse ambiente do cartão corporativo, vai colaborar na investigação”, advertiu o senador.
Longevidade
Pelas regras regimentais do Congresso, a primeira reunião da CPI – exatamente para instalação do colegiado e designação de cargos – deve ser conduzida pelo parlamentar mais idoso entre os titulares listados na composição. A tarefa caberá ao deputado Antônio Roberto (PV-MG), que tem 65 anos.
O deputado mineiro presidirá a sessão que deverá eleger a senadora Marisa Serrano, indicada pela oposição, para a presidência, além de confirmar a indicação do deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) para a relatoria. É isso que reza o acordo entre oposição e governo: uma vez empossada na presidência, Marisa Serrano indicaria Luiz Sérgio para a relatoria do colegiado. (Fábio Góis)