O presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), anunciou no fim da tarde desta terça-feira (14) as datas em que o ex-diretor da Delta Construções Fernando Cavendish e o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot deverão depor no colegiado. Pagot falará em 28 de agosto e Cavendish no dia seguinte.
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No dia 28, será ouvido também o empresário paulista Adir Assad. Segundo investigações da Polícia Federal, Assad usava suas empresas para lavar dinheiro do esquema. No dia seguinte, deverá falar Paulo Vieira Souza, conhecido como Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, empresa de São Paulo responsável pela manutenção das rodoviais paulistas. O governo de São Paulo fez contratos de quase R$ 1 bilhão com a Delta, a maior parte durante o governo de José Serra. Paulo Preto assinou o maior deles.
Houve uma alteração na data divulgada hoje pela manhã durante reunião administrativa da CPI. Inicialmente, Cavedish falaria ao colegiado antes de Pagot. Segundo o senador, a inversão se deu porque o diretor do Dnit foi quem primeiro falou sobre a relação do órgão com a Delta. “Ao acusador, cabe inicialmente o direito de se manifestar”, disse Vital, que admitiu que o primeiro depoimento pode dar mais munição para os parlamentares questionarem o dono da Delta. .
“Cavendish tem uma posição no processo diferente de outros. Quando falei mais cedo sobre o que representam os depoimentos na CPI, é que eu venho talvez quase de forma solitária, dizendo que esta CPI é diferente. Que, nesta CPI, os depoimentos não têm tanta valia quanto tem a prova técnica, que os assessores e parlamentares podem estudar na sala-cofre. A prova técnica tem um peso, talvez, superior a 80% do que a prova testemunhal”, afirmou o senador.
Silêncio
No primeiro semestre do ano, mais da metade dos convocados para depor na CPI ficaram calados. Questionado sobre o possível silêncio de Cavendish e Pagot, Vital admitiu que há “sempre o temor” de que novos habeas corpus sejam concedidos pelo Supremo Tribunal Federal. “Por mais que nós entendamos dispensáveis [os habeas corpus], e isso publicamente nós temos dito, isso apenas aumenta o caixa dos escritórios contratados e trabalho do Supremo. Mas essas garantias são dadas e nós já temos um rito próprio que já foi referendado pelo próprio STF. […] Espero que possam colaborar”, disse o senador. Desde que teve seu nome envolvido nas denúncias, Pagot afirmou que queria esclarecer os fatos na CPI.
Hoje pela manhã, a CPI realizou uma reunião adminstrativa para marcar os próximos depoimentos e aprovar novas convocações. O bicheiro Carlinhos Cachoeira será chamado novamente ao colegiado, mas ainda não há uma data definida.
A comissão aprovou ainda a convocação do deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), acusado de ter relações suspeitas com o contraventor – o deputado responderá a processo no Conselho de Ética. O parlamentar já havia admitido o interesse de prestar esclarecimentos ao colegiado.
Durante a reunião administrativa de hoje, a comissão decidiu ainda que, na semana que vem, serão ouvidos os procuradores do Ministério Público em Goiás Daniel Rezende Salgado e Lea Batista de Oliveira. Ambos trabalham nas investigações realizadas pelas operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal.
Ficou acertado também que na quarta-feira (22) da semana que vem será ouvido Jayme Eduardo Rincón, ex-tesoureiro da campanha de Marconi Perillo ao governo de Goiás em 2010. Ele é atualmente o presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop).
A comissão aprovou ainda a convocação de mais 15 pessoas envolvidas com o esquema, dentre os quais, prefeitos de municípios goianos, em que Cachoeira agia na formalização de contratos públicos, segundo a Polícia Federal.
Amanhã, serão ouvidos os depoimentos da sócia da Alberto & Pantoja Construções Rosely Pantoja da Silva, do ex-presidente do Departamento de Trânsito de Goiás (Detran) Edivaldo Cardoso de Paulo e do ex-segurança do ex-senador Demóstenes Torres, Hillner Braga Ananias.
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