A CPI dos Correios está prestes a concluir que o Banco do Brasil perdeu R$ 30,9 milhões em operações fraudulentas na Bolsa de Mercadoria e Futuros (BM&F) durante o governo Lula. Segundo reportagem da revista Época desta semana, o maior beneficiário dessas transações foi o doleiro paulista Lúcio Bolonha Funaro. Filho do ex-ministro da Fazenda Dílson Funaro, o jovem economista, de 32 anos, tem patrimônio declarado de R$ 12 milhões, e já é investigado pelos parlamentares da comissão por suspeita de fraudes com fundos de pensão.
Relatório da CPI aponta Funaro como o verdadeiro dono da corretora Guaranhuns, empresa de fachada que teria sido usada para transferir R$ 6,5 milhões repassados pelo PT ao presidente do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), que renunciou ao mandato para escapar do processo de cassação. A CPI suspeita que Funaro seja um especialista em intermediar o desvio de dinheiro público pelo mercado financeiro.
Entre janeiro e novembro de 2003, Funaro e o Banco do Brasil fizeram 11 operações de swap, um tipo de aplicação no mercado financeiro voltado para proteção do patrimônio do investidor de riscos. Segundo a revista, o relatório da CPI revela que o BB aceitou receber juros abaixo do preço de mercado. O doleiro operava por intermédio da corretora São Paulo, denunciada em maio do ano passado por suspeita de manipulação do mercado com transações em dólar. Em abril de 2004, cinco meses depois do último negócio feito com o BB, a corretora São Paulo foi descredenciada da relação de instituições com as quais o banco tem relacionamento.
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As operações de Funaro com o Banco do Brasil teriam envolvido também as corretoras Link Derivativo e Link CM, dos irmãos Marcello e Daniel Mendonça de Barros (filhos do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros) e o banco holandês ING. Segundo Época, “todos ganharam dinheiro, menos o BB”. À revista, a Link negou conhecer Funaro e afirmou que não o tem como cliente, apresentando carta da BM&F para confirmar.
A reportagem também destaca que Funaro é bem relacionado politicamente e tem bom trânsito no Congresso. O doleiro pagava todo mês R$ 2.800, entre aluguel e condomínio, para o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ligado ao ex-governador Anthony Garotinho, no hotel mais caro de Brasília.
A CPI também investiga as ligações do doleiro com irregularidades ocorridas no Prece, fundo de pensão dos servidores da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro), controlada por aliados de Garotinho.
Caso Visanet
Essa não é a primeira suspeita de desvio de dinheiro público no Banco do Brasil. No ano passado, a CPI dos Correios mostrou que a diretoria de marketing do BB antecipou a uma das empresas de Marcos Valério Fernandes o pagamento de R$ 10 milhões, por serviços de publicidade prestados à empresa de cartão de crédito Visanet. O dinheiro, de acordo com o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), teria sido repassado ao PT, na forma de empréstimos bancários até hoje não honrados.
A comissão também constatou que, de forma atípica, o banco começou a permitir também o adiantamento das verbas em relação ao contrato. A Visanet é uma empresa privada que se relaciona com estabelecimentos comerciais que trabalham com os cartões Visa. Seus principais donos são o Bradesco e o Banco do Brasil.
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