A CPI dos Sanguessugas vai convocar o ex-assessor especial da Presidência Freud Godoy e Rogério Aurélio Pimentel, assessor especial do Planalto, para prestarem esclarecimentos sobre o episódio da compra de um dossiê contra candidatos do PSDB.
Pimentel trabalhava junto com Freud e exerce as mesmas funções do ex-assessor no governo. Os dois tiveram um encontro secreto na última quarta-feira (18), na casa de Pimentel. Mas o conteúdo da reunião, que durou quase três horas, ainda permanece um mistério. A CPI quer ouvi-los para tentar descobrir a origem do dinheiro que pagaria o dossiê.
O advogado de Freud, Augusto Botelho, disse que o encontro foi apenas um almoço entre amigos. “Eles não discutiram nada relacionado a trabalho nem ao caso" declarou. O advogado afirmou ainda que o ex-assessor foi buscar uma planta na casa de Pimentel.
Freud foi acusado pelo advogado e ex-agente da Polícia Federal Gedimar Passos de ter repassado parte dos R$ 1,7 milhão que seriam usados para comprar os documentos. Na época em que o escândalo veio à tona, o ex-assessor ainda estava na presidência da República.
No último dia 15 de setembro, a Polícia Federal prendeu Gedimar e o petista Valdebran Padilha num hotel da capital paulista. Com eles, os agentes encontraram o dinheiro – parte em dólares e parte em reais – que seria dado em troca do dossiê. Os dois aguardavam um tio do empresário Luiz Antonio Vedoin, dono da Planam, que levaria os documentos.
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Dinheiro do bicho
A PF encaminhou hoje à Justiça Federal no Mato Grosso um relatório parcial sobre as investigações do escândalo do dossiê. No texto, o delegado Diógenes Curado, responsável pelo caso, conclui que parte do montante veio de bancas do jogo do bicho. A polícia pediu a prorrogação do inquérito por mais 30 dias, mas prometeu revelar a origem do dinheiro antes do segundo turno das eleições, marcado para o próximo dia 29. A CPI dos Sanguessugas já recebeu uma cópia do documento.
Ontem, a Justiça autorizou a quebra do sigilo bancário de Freud e do ex-assessor da campanha de Aloízio Mercadante ao governo de São Paulo, Hamilton Lacerda.
Lacerda é acusado de ter levado os R$ 1,7 milhão ao hotel onde Gedimar e Valdebran foram presos no dia 15 de setembro. Ele nega e disse que esteve no local apenas para entregar um computador e CD-ROMs.