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Após semanas de resistência, a CPI dos Correios decidiu investigar eventuais relações privilegiadas que o empresário Marcos Valério teve com os fundos de pensão. Ontem, a comissão aprovou a quebra de sigilo das movimentações financeiras e aplicações de três entidades de previdência privada complementar, a Funcef (funcionários Caixa Econômica), a Geap (servidores da União) e a Petros (ligada à Petrobras), com os bancos Rural e BMG nos últimos cinco anos. A medida deve ser estendida hoje a outros oito fundos em reunião administrativa da CPI. Os integrantes da oposição desconfiam que essas entidades tenham feito aplicações nos bancos Rural e BMG – duas instituições que emprestaram cerca de R$ 55 milhões ao empresário Marcos Valério repassar para o PT – a fim de, num segundo momento, serem beneficiados pelo governo com incremento de aplicações. Seria uma tentativa de “esquentar” dinheiro. Leia também “(Vamos investigar) Tudo o que mostre a origem do dinheiro que abastecia o ‘valerioduto’”, resumiu. A comissão requisitou desde o início do mês o envio de informações sobre aplicações financeiras dos fundos, mas ainda não havia recebido qualquer resposta. “Nenhum de nós acredita que os recursos tirados por Marcos Valério do BMG e do Rural de fato são empréstimos, e os fundos podem ter sido utilizados para maquiar esse processo”, afirmou o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). A data de eventuais depoimentos de dirigentes de fundos à CPI dos Correios só será marcada, após o recebimento das informações solicitadas. No mesmo dia em que tiveram seus sigilos quebrados, os dirigentes de três fundos de pensão compareceram espontaneamente à CPI do Mensalão. Em audiência a portas fechadas, os presidentes da Previ (Banco do Brasil), Petros e Funcef negaram ontem qualquer participação em esquema de corrupção com o empresário Marcos Valério. No depoimento reservado à CPI do Mensalão, os dirigentes explicaram a gestão dos fundos e se colocaram à disposição para prestar todas as informações que se fizerem necessárias. Na avaliação dos integrantes da comissão, os dirigentes deverão ser reconvocados a depor na próxima semana, desta vez em sessão aberta. Há um receio dos fundos de que a abertura do sigilo venha a prejudicar a gestão deles. Os presidentes das duas comissões de inquérito, contudo, prontificaram-se a utilizar as informações sobre movimentações bancárias e aplicações financeiras da melhor forma possível. O que disseram os fundos: Petros Geap Previ Funcef Relação comercial |