Por 14 a sete, a CPI dos Cartões Corporativos encerrou seus trabalhos com a aprovação, no início da tarde desta quinta-feira (5), do relatório final apresentado pelo deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). Com ampla maioria na comissão, governistas deram parecer favorável ao texto do relator, que não pede indiciamento de nenhum envolvido no gasto indevido dos cartões corporativos nem os suspeitos de participar na elaboração do dossiê com dados sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique.
Para o relator, a CPI cumpriu seus objetivos, na medida em que houve redução significativa dos gastos com cartões corporativos. Luiz Sérgio justifica que o relatório não pode ser “nada além do que a extração de dados do inquérito parlamentar”. “Aqui não estou pedindo nem absolvição nem para se incriminar ninguém. Estou pedindo que o resultado dessa CPI seja enviado para o TCU e demais órgãos que vão imputar ou não uma penalidade às pessoas aqui citadas”, justificou o relator.
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O relator classificou como "irrelevante" indicar indiciados no relatório final. “O Ministério Público é que tem o poder de indiciar. O pedido no relatório é indiferente”, classifica.
Decepção
A presidente da comissão, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), disse estar "decepcionada" com seus colegas parlamentares porque não houve aprofundamento das investigações. Ela lembrou que quando trabalhou nas denúncias contra Renan Calheiros (PMDB-AL) no ano passado, estava acompanhada de Almeida Lima (PMDB-SE), fiel escudeiro de Renan. Mesmo assim, houve oportunidade de investigar com profundidade, disse Marisa.
"Talvez nós pudéssemos usar mais nossa função pedagógica aqui. Não usamos essa CPI para mostrar à sociedade que ela poderia e pode confiar no Congresso Nacional", lamentou. Marisa Serrano chegou a dizer que não houve vencedores e nem vencidos e afirmou crer que os governos federal, estaduais e municipais vão ter maiores cuidados no uso dos cartões corporativos e das contas "B".
"Quem foi derrotado, se houve alguém derrotado, foi a esperança da sociedade brasileira. Talvez aí a sociedade saia com um pouco de sabor amargo de não ver aquilo que ela esperava ver, que seria o aprofundamento maior de todas as questões", ponderou.
Pizza
Membros da oposição avaliaram que a CPI acabou em "pizza". Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), as comemorações da base aliada com a aprovação do relatório pareceu manifestações de "colegiais". "É uma clara pizza à revelia da presidente Marisa", disse.
Segundo o deputado Índio da Costa (DEM-RJ), o relatório paralelo feito pela oposição também será encaminhado ao Ministério Público e para a Polícia Federal. "O Ministério Público aceita qualquer denúncia desde que seja embasada", avaliou. (Renata Camargo e Eduardo Militão)
Atualizada às 13h29
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