Ferraço explicou que não houve indiciamentos devido à dificuldade de órgãos técnicos – como a Secretaria de Tecnologia e Informação (Prodasen) e departamentos especializados em tecnologia da própria Polícia Federal – para examinar arquivos criptografados encaminhados à comissão pela Justiça francesa.
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“Só em fevereiro, conseguimos acesso à lista que nos foi enviada pelo Ministério das Finanças da França. A lista veio criptografada, com elevado nível de sofisticação”, justificou.
Para o relator, a falta de indiciamentos não indica fracasso da comissão. “A CPI colocou luz, agendou o tema e fez com que os órgãos de Estado acelerassem o processo de investigação”, disse o senador, destacando que as investigações acerca do episódio conhecido como Swiss Leaks devem continuar aprofundadas pelos órgãos de fiscalização e controle, que podem chegar aos indiciamentos. “Esses órgãos têm acordo de cooperação direto com a Suíça”, acrescentou.
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que presidiu a reunião desta quarta-feira (25), concedeu vista coletiva sobre o relatório. Foi marcada uma nova reunião, para a próxima terça-feira (31), com o objetivo de que os membros do colegiado debatam e votem o texto final do relatório.
Autor do pedido que criou a comissão, Randolfe, em voto separado, sinalizou que o relatório de Ferraço foi insuficiente e deveria prever uma apuração mais aprofundada sobre as ações dos dirigentes do HSBC no Brasil. Além disso, argumenta o senador da Rede, devem ser levados adiante os exames sobre a lista com nomes de mais de dez mil correntistas brasileiros na Suíça.
Randolfe lembrou ainda que o HSBC está sendo negociado pelo Bradesco por US$ 5 bilhões. A operação, conduzida paralelamente ao trabalho da comissão, já foi autorizada pelo Banco Central e aguarda parecer do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). “Há um evidente interesse econômico por parte dos dirigentes do HSBC no Brasil e contrário ao da CPI. Que o Cade aprofunde as investigações sobre atuação da instituição no Brasil e de seus dirigentes. Entendemos que o encerramento da CPI não é oportuno na atual circunstância”, afirmou.
Presidida pelo senador Paulo Rocha (PT-PA), a CPI foi instalada em 24 de março de 2015. Foi criada para investigar ilegalidades relacionada a contas de brasileiros na filial suíça do HSBC, que foi acusada por um ex-funcionário de facilitar a evasão de divisas entre 2005 e 2007, no que ficou conhecido como “Swiss Leaks”.
Com informações da Agência Senado
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