Integrantes da CPI dos Sanguessugas estão divididos quanto à convocação do ex-ministro da Saúde José Serra (PSDB) para depor na comissão. Candidato ao governo de São Paulo, o tucano é acusado por Luiz Antonio Vedoin e Darci José Vedoin, donos da Planam, de facilitar a liberação de recursos para o esquema dos sanguessugas quando estava no ministério, até 2002.
O presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), disse que vai tentar reunir o dossiê que seria vendido pelos Vedoin a pessoas ligadas ao PT por R$ 1,7 milhão. O material, agora em poder da PF, contém imagens e fotos de Serra durante solenidade, em 2001, para a entrega de ambulâncias compradas pelo esquema dos sanguessugas. O petista não descarta a convocação do tucano.
"Ele só não foi (convocado) anteriormente porque houve, digamos assim, um consenso entre integrantes da comissão que não era bom levar qualquer investigação no campo da disputa política", afirmou Biscaia.
Porém, o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), integrante da comissão, avaliou que não é necessário investigar o ex-ministro. Segundo o líder da oposição, o tucano é um "homem de bem" e o dossiê não é suficiente para incriminá-lo.
"Não existe dossiê. O que existe é um crime, inclusive crime eleitoral praticado por membros do Partido dos Trabalhadores. Nós vamos investigar isso: a origem desse dinheiro (dos R$ 1,7 milhão), os envolvidos e quais as candidaturas para as quais eles trabalhavam, além da de Lula e da de Mercadante."
Leia também
O dinheiro para a compra do material foi apreendido pela PF com Valdebran Padilha da Silva e Gedimar Passos Pereira, ambos ligados ao PT do Mato Grosso, em um hotel de São Paulo. Em depoimento, Gedimar disse que parte do dinheiro veio de uma revista ou jornal, sem especificar qual, e que a ordem para a compra foi de um filiado ao PT chamado "Fred ou Freud". Após a declaração, o assessor especial da Presidência, Freud Godoy, pediu demissão e negou qualquer tentativa de compra de dossiê. Além de Freud, a CPI pretende ouvir Valdebran Padilha e Gedimar Passos.
No fim de semana, a revista Istoé publicou entrevista na qual os Vedoin afirmam que a máfia das ambulâncias prosperou mais durante o período em que Serra esteve à frente do Ministério da Saúde. Na reportagem, o veículo diz que a acusação foi baseada em um vasto conjunto de provas.