Vencido pelo cansaço, e pela persistência dos partidos de oposição, o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), prometeu nesta quarta-feira reunir os parlamentares em plenário na semana que vem para anunciar a criação da CPI mista que vai investigar o envolvimento de parlamentares na máfia das ambulâncias.
O sinal verde foi dado hoje, durante reunião com os líderes da câmara e do Senado. Dos 13 que estavam presentes no encontro, apenas Mário Negromonte (PP-BA) posicionou-se contra a instalação da CPI. O líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), acusado de envolvimento na fraude dos sanguessugas, votou pela criação da comissão.
Durante o encontro, a senadora Heloísa Helena (Psol-AL), considerou importante levar a questão ao colégio de líderes, mas lembrou que eles não teriam poder para derrubar o requerimento que pede a criação da comissão. Isso porque o documento tem mais assinaturas que o exigido pelo Regimento Interno. “Os líderes não têm autoridade legal para impedir essa instalação. Nós conseguimos todas as assinaturas na Câmara e no Senado”, afirmou.
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A máfia das ambulâncias foi desbaratada no início de maio pela Operação Sanguessuga, da Polícia Federal. Pelo esquema, as prefeituras compravam ambulâncias pelo dobro do preço de mercado com recursos do Orçamento da União. A verba vinha de emendas parlamentares.
Integrantes da quadrilha denunciaram a participação de 200 parlamentares na fraude. Eles revelaram que cada um dos congressistas recebia entre 10% e 15% de propina sobre o valor de cada emenda. A PF estima que, em cinco anos de operação, a quadrilha tenha desviado R$ 110 milhões dos cofres públicos.