O autor do requerimento da CPI mista dos cartões corporativos, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), disse agora há pouco que não acredita que a comissão corra o risco de ser "chapa-branca" (ou seja, favorável aos interesses do governo).
"CPI chapa-branca dentro de um contexto de CPI mista não existe, porque a pressão vem da sociedade, da imprensa. Portanto, por mais que queiram blindar este ou aquele governo, não adianta: os requerimentos vão sendo aprovados porque os parlamentares, minimamente, se sentem constrangidos sabendo que a sociedade está acompanhando", disse Sampaio.
O deputado tucano negou a existência de acordo para que não fossem investigados os gastos nos governos de Fernando Henrique Cardoso e de Luiz Inácio Lula da Silva. E disse também que as despesas da conta "B" serão determinantes para a investigações no governo tucano. A chamada "conta B" se refere aos gastos da Presidência da República a partir da criação do cartão corporativo do governo federal, em 1998. Entretanto, o cartão só começou a viger em 2001, e os gastos institucionais neste espaço de três anos são denominados "conta B".
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"Existe uma relação direta entre conta ‘B’ e cartão corporativo", disse Sampaio, afirmando que é exatamente essa relação que vai gerar a investigação no âmbito da CPI. "A investigação não vai poupar ninguém. Quem errou vai ter de responder pelos seus atos."
Mais cedo, líderes oposicionistas reclamaram da postura do deputado Carlos Sampaio, que anunciou um acordo entre governo e oposição para instalar uma CPI mista, com a condição de que fossem investigados os gastos com cartão corporativo desde 1998.
Insônia
A declarações de Sampaio foram dadas pouco antes de o deputado encontrar o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), um dos principais críticos da retroação da CPI ao governo FHC. "Não há fato determinado [à época do governo FHC] que justifique essa investigação", argumentou Virgílio.
"Vamos investigar tudo aquilo que venha de um fato concreto, determinado, envolvendo qualquer governo, este ou o governo do presidente Fernando Henrique. Mas sejamos bem claros: vamos investigar denúncias que se referem a mais um abuso e mais uma corrupção no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva", atacou o senador, pronunciando pausadamente o nome de Lula.
Virgílio lembrou que o supracitado "fato determinado" foi uma referência constante durante o carnaval. "Fatos concretos nós temos às dúzias. A imprensa passou o carnaval todo dando mais destaque à roubalheira do cartão corporativo do que à Juliana Paes e às demais rainhas de bateria. Essa é a lamentável verdade", disse o tucano, que acompanhou o carnaval (e o noticiário) brasileiro de Portugal, onde passava férias.
O líder tucano descartou a "morte" da CPI já em seu nascedouro, hipótese levantada depois do acordo anunciado hoje entre oposição e governo . "Se isso tira o sono do governo, então ele pode não dormir porque não vai deixar de haver CPI. Houve abuso e corrupção com o dinheiro público em cartões corporativos. Nós vamos começar a investigação por aí", alertou. (Fábio Góis)
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