Vítima de comentários racistas no Facebook em julho, a jornalista Maria Júlia Coutinho, da TV Globo, será convidada a prestar informações à CPI de Crimes Cibernéticos, da Câmara. Além de Maju, como também é conhecida, foram chamados a comparecer à CPI o criador do perfil Dilma Bolada, o publicitário Jeferson Monteiro, representantes do Movimento Brasil Livre (MBL) e do Revoltados On Line e a procuradora de Justiça Beatriz Kicis de Sordi, uma das coordenadores dessa última organização.
O convite a Maju foi aprovado pela comissão a pedido do deputado Daniel Coelho (PSDB-PE). Segundo ele, a jornalista é uma das vítimas individuais da “assustadora escalada de crimes cibernéticos” praticados no Brasil. “Nessa linha, não se pode deixar de colher as impressões da jornalista a respeito do ocorrido”, afirmou o deputado na justificativa do convite. Os comentários racistas contra a apresentadora da previsão do tempo do Jornal Nacional gerou reações da Rede Globo e de usuários da internet, que aderiram à mobilização #SomosTodosMaju, em solidariedade à jornalista, atacada pela cor de sua pele. O assunto chegou a ser o mais comentado do Twitter no Brasil no dia 3 de julho.
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No caso de Jeferson e dos representantes dos movimentos de rua, a comissão decidiu transformar os pedidos iniciais de convocação em convite. O acordo foi feito para evitar a rejeição dos requerimentos originais. Há uma diferença entre convite e convocação: os convidados podem recusar o chamado da comissão, já para os convocados a presença é obrigatória.
No pedido aprovado, de autoria do deputado Jean Wyllys (Psol-RJ), não foi especificado o nome de quem falará pelo Movimento Brasil Livre, que defende o impeachment da presidente Dilma e atuou na convocação das manifestações de rua deste ano. O grupo é liderado pelo estudante Kim Kataguiri.
Além de um representante ainda não nomeado, o Revoltados On Line também motivou a aprovação do convite à procuradora Beatriz Kicis de Sordi, da Procuradoria da República no Distrito Federal. Uma das coordenadoras do Revoltados On Line, ela criticou inicialmente a proposta de convocação da CPI. Em seguida, em vídeo divulgado na internet, Beatriz afirmou que aceita de “bom grado o convite”. Mas mandou um recado ao autor do requerimento, o deputado Jean Wyllys. “E não irei sozinha, Jean (Wyllys). Irei representando 93% dos brasileiros, que não estão nem um pouco satisfeitos com esta ditadura que a esquerda quer impor ao Brasil, com essa mordaça”, disse a procuradora.
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Dilma Bolada
O publicitário Jeferson Monteiro, criador do Dilma Bolada, foi chamado pela CPI a pedido do deputado Alexandre Leite (DEM-SP). Segundo ele, o perfil faz “sátira elogiosa da presidente da República e tira sarro dos adversários políticos”. Alexandre também queria convocar Jeferson a prestar depoimento, mas aceitou transformou o requerimento em convite. Sucesso nas redes sociais, Dilma Bolada tem 1,6 milhão de seguidores no Facebook e 457 mil no Twitter. O deputado cita reportagem da revista Época que informa que o publicitário recebe R$ 20 mil de uma agência de publicidade ligada ao PT para manter o personagem no ar.
Dona da agência, Danielle Fonteles também será chamada pela CPI. A Pepper Interativa é citada na Operação Acrônimo, da Polícia Federal, que investiga esquema de desvio de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por meio de contratos públicos e consultorias de fachada. O dono de outra agência, Sérgio Diniz, da Sarkis Comunicação, também será convidado. A Sarkis Comunicação é suspeita de criar perfis falsos no Facebook, em acordo com o governo do Distrito Federal durante a gestão de Agnelo Queiroz (PT), para atacar adversários políticos.
O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini também foi convidado para colaborar com o andamento da CPI. Também serão chamados à comissão especialistas em direito digital e representante do Humaniza Redes – Pacto Nacional de Enfrentamento às Violações de Direitos Humanos na internet. A próxima reunião da CPI está marcada para a manhã desta quinta-feira (03).
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