O relatório da CPI dos Sanguessugas apresentado hoje denunciou 72 parlamentares e absolveu 18. Entre indignados e aliviados, congressistas não demoraram a comentar a lista divulgada pela comissão.
Para o deputado João Correia (PMDB-AC), um dos 72 parlamentares acusados pela comissão, a CPI foi “covarde”. Ele assegura que não existe nenhuma prova contra ele nem contra ninguém de seu gabinete; “Exceto a opinião de um bandido canalha”, afirmou, referindo-se ao empresário Luiz Antônio Vendoin, sócio da Planam. “É uma pena que o Conselho de Ética não tenha poder de convocar esse bandido, para que eu o desmascare”, lamentou.
Irritado por ter o nome na lista, o senador Magno Malta (PL-ES) reiterou sua inocência e disse que vai processar o relator da comissão. O parlamentar disse que não há provas que justifiquem a citação no texto da CPI. “Com todo respeito que tenho pelo relator, vou processá-lo criminalmente junto ao Supremo Tribunal Federal (STF)”, afirmou.
A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), um dos três membros do Senado que fazem parte do relatório parcial do senador Amir Lando (PMDB-RO), disse que a inclusão de seu nome “é uma condenação política e uma tentativa de linchamento sumário”.
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Serys Slhessarenko afirma que foi denunciada porque está disputando o governo do Mato Grosso. “Existem muitos interesses e há muito medo, muita preocupação com a minha candidatura. Por isso, devem estar jogando todas as fichas contra. É uma mulher que desponta como liderança. Com toda a luta das mulheres no Brasil, uma mulher, mãe e professora ter a ousadia de enfrentar uma eleição para o estado é um pecado capital”, desabafou.
O deputado Dr. Benedito Dias (PP-AP), outro contra quem a CPI afirmou ter provas de envolvimento com a máfia das ambulâncias, lembrou que não foi ouvido pelo relator da comissão e ressaltou que vai apresentar provas de defesa no Conselho de Ética. “Vou me defender, e o povo, no dia 1º de outubro, vai me julgar”, disse o deputado, acreditando na absolvição do povo.
Benedito Dias recorreu a outro crime, o de caixa dois, para justificar a contribuição de R$ 40 mil que recebeu do empresário Luiz Antônio Vedoin em 2002. O deputado assumiu que a contribuição não foi declarada, mas não considera que essa conduta configure quebra de decoro parlamentar.
O deputado Wellington Roberto (PL-PB) negou as acusações contra ele no relatório da CPI. “Eu acho um absurdo a atitude da comissão e do próprio relator de expor nomes de parlamentares fazendo um pré-julgamento antes de haver o contraditório”, reagiu.
Preocupado com as urnas, o deputado avalia que a atitude da comissão é “muito arriscada, principalmente em um ano eleitoral como este”. E afirmou convicto que não há nada no relatório de Amir Lando que o vincule seu nome ou de funcionários do gabinete à transferência de recursos ou pagamento em espécie.
Alívio
Citado pela CPI dos Sanguessugas como suposto envolvido no esquema de venda superfaturada de ambulâncias, o líder do PP na Câmara, deputado Mario Negromonte (BA), afirmou estar satisfeito com a exclusão de seu nome da lista de parlamentares investigados. “Embora tranqüilo durante todo esse período, não posso omitir a satisfação que tenho em registrar a definitiva exclusão do meu nome da lista de investigados pela CPI que apura as fraudes na compra de ambulâncias”, afirmou Negromonte em nota.
Quem também respira aliviado é o deputado Nilton Baiano (PP-ES). Para ele, a comissão foi justa ao retirar seu nome da lista de denunciados. “Não era caso de me notificar e muito menos de chegar à imprensa como se eu fosse um possível envolvido nesse grande esquema de corrupção que foi montado por essa empresa”, disse. “Eu provei com documentação que não havia nenhum motivo para a CPI me incriminar, que eu não tinha nenhum envolvimento com isso”, completou Nilton Baiano.
Acusação
Entre os parlamentares denunciados pela CPI, três são senadores e os demais, deputados. Os nomes serão encaminhados para os Conselhos de Ética da Câmara e do Senado, para serem submetidos a processo de cassação de mandato.
Os deputados e senadores são acusados de terem recebido dinheiro em troca de apresentar emendas ao Orçamento da União para a compra de ambulâncias. Os recursos eram desviados quando liberados para as prefeituras.