A CPI dos Bingos descobriu ontem que, do telefone de um motorista autônomo de Brasília, foram feitas centenas de ligações para empresários e integrantes do primeiro escalão do governo. O registro das ligações mostra que o motorista se comunicava quase diariamente com Ademirson Ariovaldo da Silva, secretário particular do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. A revelação consta da edição de hoje do jornal O Globo.
De acordo com a matéria, assinada por Alan Gripp, foram 510 ligações entre os dois em três horas e dez minutos de conversa. A CPI dos Bingos descobriu que o motorista era um laranja dos integrantes da chamada “República de Ribeirão Preto” (pessoas ligadas ao ministro Antonio Palocci, quando este era prefeito da cidade paulista), que usavam telefones registrados no nome do motorista para evitar que suas ligações fossem rastreadas.
A CPI acredita que o telefone tenha sido usado por Rogério Buratti, que foi secretário de Governo de Palocci em Ribeirão Preto. Foram 105 ligações do telefone supostamente usado por ele para um celular registrado em nome da Presidência. A cafetina Jeany Mary Corner, cujo telefone aparece com mais de 50 ligações, diz que o número era usado por Buratti.
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O número era usado, segundo o Ministério da Fazenda, por Ademirson, mas Palocci também recebia ligações no aparelho. Na transição de governo, o próprio Palocci forneceu o número a uma jornalista. O motorista, que prestava serviço para ex-assessores de Palocci quando eles estavam em Brasília, contou que em 2003 o economista Vladimir Poleto lhe pediu documentos para que habilitasse um telefone em seu nome. Mas Poleto habilitou quatro linhas, que foram usadas intensamente em 2003 e 2004.
Informado das outras linhas em seu nome, o motorista reconheceu os números: foram usados por Poleto e por Ralf Barquete, secretário de Fazenda de Palocci. Na quinta-feira, o motorista disse que não é dele o número que travou intensa comunicação com o secretário do ministro, mas não fez revelações. “Não é meu, mas não sei mais de nada”, disse, irritado.
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