Mato Grosso é o estado com mais municípios suspeitos de envolvimento no esquema de compra de ambulâncias superfaturadas com recursos do orçamento da União. Segundo levantamento divulgado ontem pela CPI dos Sanguessugas, 11 prefeituras mato-grossenses estariam envolvidas com a fraude.
A relação apresentada pela comissão lista 60 municípios contra os quais há indícios de participação no esquema. Os prefeitos dessas localidades teriam recebido R$ 750 mil como propina para compras fraudadas da Planam. A comissão conseguiu listar 21 prefeituras beneficiadas com emendas de 37 parlamentares que receberam propina da empresa, que tem sede no Mato Grosso.
Os dados foram reunidos com base no depoimento do empresário Luiz Antonio Vedoin, um dos donos da Planam. O segundo estado com mais municípios na lista da CPI é o Rio de Janeiro, com oito.
"Além de emendas individuais, há emendas de bancadas dos partidos. Há parlamentares que gerenciavam regionalmente emendas, e pelas bancadas é muito difícil identificar esses parlamentares", afirmou o sub-relator de sistematização da CPI, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
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O PMDB é a legenda com mais prefeitos de acordo com o levantamento feito pela comissão, com 18. O PFL aparece em segundo, com 12 entre as 60 prefeituras com indícios de corrupção. O levantamento mostra também que o município de Nova Marilândia (MT) recebeu o maior valor em propina: R$ 125,4 mil.
Colorado do Oeste (RO), Ministro Andreazza (RJ) e Corumbiara (RO) receberam os menores montantes em propina: R$ 2 mil cada. Segundo a CPI, as propinas teriam sido pagas por Vedoin entre fevereiro de 2002 e julho de 2005.
CGU identifica grupo que atuaria como a Planam
O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, encaminhou ontem ao procurador-geral da República (PGR), Antônio Fernando de Souza, e ao diretor-geral da Polícia Federal (PF), Paulo Lacerda, um novo lote de informações sobre a compra de ambulâncias de um segundo grupo de empresas, identificado como Domanski, que atuava desde 1980 de modo semelhante ao da Planam.
As planilhas demonstram que o grupo Domanski venceu cerca de 200 licitações realizadas por prefeituras, entre 2000 e 2004. A maioria delas em municípios do Paraná, onde o grupo ganhou 44 concorrências.
A Bahia foi o segundo estado onde o grupo mais venceu, com 40 licitações. Todos esses números se referem a um grupo de 3.048 prestações de contas de convênios já executados. A CGU não descarta a existência de outros casos.
O grupo Domanski é composto pelas empresas Domanski Comércio Instalação de Equipamentos Médico Odontológicos Ltda.; Saúde Sobre Rodas Comércio de Materiais Médicos Ltda.; Martier Comércio de Materiais Médicos e Odontológicos Ltda.; Maetê Comércio de Materiais Médicos e Odontológicos Ltda.; Curitiba Bus Comércio de Ônibus Ltda.; e Merkosul Veículos Ltda.
Todas têm como sócios membros da mesma família. A sede delas fica em Curitiba. Na documentação recolhida pela CGU, inclui-se uma carta assinada por Silvestre Domanski, datada de dezembro de 1999, dirigida a prefeitos municipais, aos quais ele se apresenta afirmando já atuar no mercado de unidades móveis de saúde há mais de 15 anos.
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