O corregedor da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE), vai investigar as denúncias de que o deputado Mário de Oliveira (PSC-MG), presidente nacional da Igreja do Evangelho Quadrangular, contratou um pistoleiro para matar o também deputado Carlos Willian (PTC-MG). Ele planeja ter uma conclusão sobre o caso em, no máximo, um mês.
Se constatar que há indícios de quebra de decoro parlamentar, Inocêncio vai remeter o processo à Mesa Diretora da Câmara, que o transmitirá ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. O colegiado pode, então, cassar o mandato de Mário de Oliveira.
"A acusação é gravíssima. Será constituída uma comissão parlamentar, formada por cinco deputados, que terá de ouvir o Mário de Oliveira e elaborar um relatório sobre o caso. O deputado [Mário de Oliveira] terá, no máximo, cinco dias para se explicar", explicou o corregedor.
Essa será a segunda investigação na Corregedoria da Câmara contra Oliveira. Em fevereiro, logo após a posse, Willian acusou o ex-companheiro de igreja de agressão. Inocêncio tentou, na época, resolver a querela estabelecendo um acordo entre os parlamentares. "Não deu certo a tentativa de acordo porque Carlos Willian não aceitou. Agora serão dois processos anexados", conta o pernambucano.
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Entenda o caso
De acordo com investigações da Polícia Civil do estado de São Paulo, o deputado Mário de Oliveira contratou, por R$ 150 mil, o pistoleiro Alemão para matar Carlos Willian. O caso foi transformado em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em depoimento à policia, Odair da Silva, freqüentador da Igreja do Evangelho Quadrangular, contou que contratou o pistoleiro a pedido do chefe de comunicação da igreja, Celso Braz do Nascimento, subordinado de Oliveira.
A última tentativa de assassinar Willian teria ocorrido na quinta-feira passada, na MG-10, estrada que liga o aeroporto de Confins a Belo Horizonte, mas falhou porque o deputado veio de Brasília na comitiva do presidente Lula e não em vôo de carreira e porque Alemão foi preso.
As desavenças ente Carlos Willian e Mário de Oliveira começaram por conta da administração da Fundação Educativa Quadrangular. As divergências se intensificaram quando Oliveira não conseguiu se eleger senador em 2002 e Willian foi o deputado federal mais votado entre os candidatos da Igreja Quadrangular.
Por decisão de Mário de Oliveira, Willian deveria renunciar ao cargo para que em seu lugar assumisse o suplente Antônio Carlos de Moraes, vereador e pastor da igreja em Ipatinga. Ele acabou tomando posse, mas foi suspenso de todas as atividades que exercia na Igreja do Evangelho Quadrangular.
Em 2006, já longe da igreja, Carlos Willian se reelegeu. Na mesma eleição, Mário de Oliveira voltou à Câmara para o sexto mandato. (Carol Ferrare)
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