O corpo do senador Jefferson Péres (PDT-AM) foi enterrado há pouco no cemitério São João Batista, em Manaus (AM). O parlamentar, que estava em seu segundo mandato no Senado, tinha 76 anos e morreu ontem vítima de um infarto fulminante.
Estima-se que três mil pessoas acompanharam, pelas ruas de Manaus, o cortejo do líder do PDT no Senado. Reconhecido como símbolo de ética na política, Jefferson sempre teve uma postura crítica em relação ao Planalto. Era sempre uma voz a criticar a corrupção e o mau uso e o desvio de dinheiro público. Para o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), o senador era “um peregrino em defesa da ética”.
Em entrevista ao Congresso em Foco, publicada em 27 de junho do ano passado, Jefferson Péres anunciou que não pretendia concorrer a um novo mandato e que se incomodava com o baixo nível dos políticos brasileiros. (leia a íntegra)
“Eu me sinto muito constrangido. Estou encerrando minha carreira política. Não quero mais voltar pra cá. Podem me chamar de fulo, o que quiserem, chega. São 16 anos de Senado, basta. Não me acostumo com a classe política", desabafou. “Os mais humildes olham para isso e se perguntam: por que vou ser honesto se lá em cima não são?”
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Para o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Kramer, Jefferson Péres representa uma espécie de Dom Quixote em sua luta quase que solitária pela ética na política. “É uma luta que ia contra a corrente da cultura política brasileira que é enormemente tolerante à mentira e a corrupção. Então ele se insurgiu contra estes costumes políticos, que infelizmente dominam a política brasileira desde que o país foi descoberto. Um Quixote sempre batendo com os moinhos de vento”, conta Kramer, que até ontem era assessor do senador amazonense. (Rodolfo Torres)
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