Mário Coelho
Comandante das operações policiais que acompanharam as manifestações contra o ex-governador José Roberto Arruda, o coronel da Polícia Militar Silva Filho saiu nesta sexta-feira (28) em defesa da corporação. Desde a revelação do mensalão do Arruda em 27 de novembro, após a realização da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, manifestantes e policiais militares entraram em confronto pelo menos duas vezes.
Na primeira ocasião, em 9 de dezembro, as imagens do confronto entre manifestantes e policiais, especialmente a cavalaria da PM, chocou os brasilienses. Cerca de 2 mil estudantes, sindicalistas e membros de partidos de oposição estavam concentrados na praça em frente ao Palácio do Buriti. A situação começou a ficar tensa quando parte dos manifestantes decidiu ocupar o Eixo Monumental, avenida que passa em frente ao Buriti. Com a resistência do grupo em desocupar a avenida e se retirar para o canteiro central, policiais da cavalaria partiram para cima dos manifestantes. Foram lançadas, então, bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. O confronto ocorreu em frente ao Tribunal de Justiça do DF (TJDF).
Para o coronel da PM, houve “apenas” uma reação. Ele disse, em audiência pública realizada na tarde de hoje na Câmara Legislativa, que foi apreendido com manifestantes garrafas de vidro com líquido incolor e esparadrapos (para fazer coquetéis molotov), estilingues e bolas de gude. Negou que os policiais da cavalaria tenham agredido os participantes da manifestação. E não fez nenhum tipo de crítica à ação da PM no momento. “A PM simplesmente reagiu a uma agressão. Mas desafio alguém a mostrar que tenha sido ferido por cavalos”, afirmou.
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Depois, Silva Filho disse que, no confronto ocorrido no dia das eleições indiretas na Câmara Legislativa, em 17 de abril, quando Rogério Rosso foi eleito, também ocorreu por conta da atitude dos manifestantes. Ele afirmou que, à pedido da presidência da Câmara Legislativa, fez um cordão de isolamento no prédio sede do Legislativo local. A ordem, de acordo com o militar, era de não deixar ninguém entrar além de deputados e convidados. “Um manifestante rompeu o cordão de isolamento e tentou invadir o prédio. Nós apenas reagimos”, disse.
Para a deputada distrital Erika Kokay (PT), que promoveu a audiência, é preciso uma reflexão na forma da PM agir. Para ela, não adianta a corporação se reunir após operações se a avaliação feita é que está tudo certo. “Se você não percebe o erro, não tem capacidade de corrigir”, disse. A petista colocou que, “via de regra”, a PM está preparada para agir em situações do tipo. Mas ressaltou que é preciso mais “serenidade e tranquilidade” nas ações críticas.
O representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade de Brasília (UnB) Raul Cardoso condenou a atitude da PM nos dois momentos. O estudante afirmou que a forma de agir dos policiais durante as manifestações foi completamente equivocada. “Nesses momentos, parecia uma briga de rua. Com uma clara diferença: de um lado, pessoas armadas e treinadas. De outro, estudantes de calça jeans e camisetas”, disse.
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