O Comitê de Política Monetária (Copom) decide hoje o novo patamar da Selic, taxa básica de juros da economia, em um ambiente de nervosismo no mercado financeiro. Ontem (terça, 30), a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu 4,54%, a maior queda desde maio de 2004. O dólar comercial teve alta de 1,54%, encerrando o dia cotado a R$ 2,31.
A explicação para o recuo da bolsa e a elevação do dólar é a mesma, segundo os analistas financeiros: as perspectivas de elevação dos juros nos Estados Unidos, que levam vários investidores estrangeiros a vender ações de empresas brasileiras (provocando queda na bolsa e redução do volume de dólares em circulação no país) para optar pela compra de títulos públicos nos EUA e em outros países ricos, considerados mais seguros.
Com a elevação dos juros internacionais, praticamente todas as bolsas do mundo fecharam o dia ontem em queda. Dinheiro mais caro é sempre interpretado como obstáculo aos investimentos – e, portanto, ao crescimento e aos lucros – das empresas. Mesmo assim, o declínio verificado na Bovespa foi bastante alto quando comparado, por exemplo, com as duas principais bolsas norte-americanas. No Nasdaq, que reúne as empresas do setor de tecnologia, a queda foi de 2,06%. No Dow Jones, que abarca as companhias de setores tradicionais, foi de 1,64%.
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Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não há razão para apreensões. “O Brasil hoje tem pouco volume de capital especulativo, à diferença do que acontecia no passado”, disse ele ontem.
A maioria dos executivos e analistas das instituições financeiras espera um corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic. Confirmada a previsão, ela ficaria em 15,25%. Resta saber se o conhecido conservadorismo do Copom – formado pelos diretores do Banco Central – vai permitir uma redução de juros numa conjuntura em que investidores estrangeiros já não julgam tão atrativa assim a remuneração oferecida por papéis brasileiros. (Sylvio Costa)