A outra frustração, segundo ele, está diretamente relacionada à primeira: a escassez de informações a respeito do destino de presos e desaparecidos políticos durante o regime. A falta de cooperação das Forças Armadas, de acordo com Dallari, criou empecilhos na procura por vítimas do período. Instalada em 2012, a CNV conseguiu identificar apenas três desaparecidos. “Não é possível que as Forças Armadas continuem sem reconhecer a responsabilidade institucional do que fizeram”, disse.
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Entregue nesta quarta-feira (10) à presidente Dilma Rousseff e ao presidente Renan Calheiros, o documento confirma 434 vítimas do regime militar. O relatório final da Comissão Nacional da Verdade também lista 377 nomes de responsáveis por violações de direitos humanos durante a ditadura.
Resposta
Dallari pede que o Congresso exija uma resposta dos militares. “É importante colocar na pauta do Senado e da Câmara, nesse diálogo com as Forças Armadas, questionar o porquê de as Forças Armadas não reconhecerem que houve esse quadro. O silêncio do Senado, o silêncio da Câmara acabará reforçando essa ideia de que esse assunto se esgota no relatório da comissão — disse.
Índios e camponeses
PublicidadeO trabalho da CNV foi apontado pela maioria dos participantes da audiência como um avanço no esclarecimento do que de fato aconteceu durante a ditadura militar. Mas houve ponderações. Gilney Viana, por exemplo, lamentou que a CNV não tenha se debruçado com maior afinco para revelar os casos de violação de direitos humanos sofridos por índios e camponeses. Gilney é coordenador do projeto Direito à Memória e à Verdade, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. “Em nome dos excluídos eu digo: a luta continua”, assinalou.
Pedro Dallari lembrou que o relatório não encerra as investigações sobre os crimes perpetrados ao longo da ditadura. O documento, conforme ele, pautou-se por fatos e não opiniões. “Nós quisemos fazer algo que fosse uma seleção á prova de qualquer tipo de crítica para não dar margem de que o relatório fosse impreciso. Houve uma opção clara de ser meio conservador de algum ponto de vista. Temos conhecimento da situação dos povos indígenas, mas não teríamos condições de dar o mesmo tratamento metodológico aos 8500 índios, que teriam morrido nesse processo, que nós demos aos 434 casos”, respondeu o coordenador da CNV.