Depois de assimilada a crise financeira norte-americana e sob os desdobramentos da mais recente reunião, quando foi anunciada a primeira medida anticrise, a coordenação política do governo voltou a se reunir hoje (3) e chegou à conclusão: há razões para comemorar a reação do Brasil à turbulência econômica mundial.
Para os membros do conselho político, a gestão e as medidas econômicas dos últimos anos prepararam o país para eventuais cenários negativos. Na avaliação da equipe, a análise foi positiva em duas frentes: contexto financeiro internacional e, no âmbito interno, situação da economia real.
“O que a coordenação avaliou, em relação às condições financeiras, é que o Brasil tem bons motivos para comemorar. As medidas e a gestão da política econômica nos últimos anos permitiram que o país atravessasse isso [a crise financeira mundial] de modo tranqüilo”, informou a assessoria de imprensa do Planalto. Umas das principais medidas de contenção da crise, segundo a coordenação política, seria a liberação sistemática de verbas para capital de giro na construção civil.
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Estiveram presentes à reunião, além do presidente e Lula e do vice, José de Alencar, os ministros José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), Dilma Rousseff (Casa Civil), Tarso Genro (Justiça), Guido Mantega (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento), Luiz Dulci (Secretaria Geral) e Franklin Martins (Secretaria de Comunicação).
Duas dimensões
O otimismo do conselho político teria fundamentos práticos. Apesar da alta do dólar, diz a assessoria, o governo conseguiu administrar as oscilações da moeda, que por fim teria sido “controlada” graças às ações da equipe econômica. Outro motivo de comemoração seria a liquidez financeira do mercado interno – que foi reduzida, mas “não secou”, na avaliação dos ministros.
Já em relação às implicações internas da crise, a coordenação política acredita que as medidas tomadas durante os dois mandatos do governo Lula permitiram ao país enfrentar a crise de “cabeça erguida” – de forma a diminuir a contaminação da economia real pelas incertezas do sistema financeira internacional. A ampliação do crédito pessoal e o aquecimento atividade produtiva seriam dois dos “alicerces” que garantem a solidez relativa da economia brasileira.
Segundo interlocutores da Presidência da República, o ministro Mantega fez uma breve explanação sobre o cenário internacional e o comportamento do mercado nacional frente aos ânimos dos investidores. Mantega acredita que a liberação dos chamados empréstimos compulsórios propiciou constância à circulação de capital, e que o dólar permanecerá variando em uma mesma faixa de oscilação.
Ainda de acordo com a assessoria, não entrou na pauta da reunião a fusão dos bancos Itaú e Unibanco, cujos motivos foram apresentados ontem (2) ao presidente Lula, pouco antes de seu embarque de São Paulo para Brasília. As circunstâncias da fusão – que cria a maior instituição financeira do Hemisfério Sul – foram explicitadas em carta remetida a Lula pelos presidentes das duas instituições financeiras, que estiveram com o presidente na base aérea paulista. (Fábio Góis)
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