O presidente da CPI dos Correios, Delcídio Amaral (PT-MS), adiou a votação dos requerimentos de convocação de Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas Centrais Elétricas, e do publicitário Duda Mendonça. Os documentos seriam examinados hoje pela manhã mas, devido ao baixo quorum de parlamentares na comissão e a falta de consenso entre os integrantes da CPI, a análise ficou para a semana que vem. A ausência de acordo poderia levar à rejeição dos pedidos.
Toledo é apontado como o operador de um caixa dois de R$ 40 milhões montado na estatal. O dinheiro teria sido repartido entre partidos da base aliada do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para pagar despesas da campanha eleitoral de 2002. A suspeita surgiu depois que o lobista Nilton Monteiro entregou à Polícia Federal a cópia de uma lista com nomes de caciques tucanos e de outros partidos, além de valor que cada um deles teria recebido do caixa dois.
A existência do suposto esquema foi reforçada ontem, depois que o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) confirmou à PF ter recebido R$ 75 mil do ex-diretor. O petebista disse ainda que a lista, cuja autenticidade ainda é questionada pelos agentes federais, parece ser verdadeira. “Tem lógica política, porque os partidos grandes receberam mais dinheiro do que os menores”, disse o ex-parlamentar.
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Quanto à convocação de Duda, que fez a campanha de marketing de Lula nas eleições de 2002, essa passou a ser cogitada depois que novas informações sobre a movimentação financeira do publicitário no exterior vieram à tona.
Toma lá, dá cá
Os governistas da CPI passaram a pressionar pela aprovação do requerimento de Toledo depois que o relator da comissão, Osmar Serraglio (PMDB-PR), anunciou sua pretensão ouvir novamente Duda Mendonça.
O documento que pede a volta do publicitário ao banco da CPI já está pronto e seria votado no início da semana. Mas articulações, tanto da base aliada quanto da oposição, fizeram a votação ser adiada para a próxima semana. Oficialmente, os parlamentares anunciaram que só pretendem votar o requerimento após a volta de Serraglio, que está nos Estados Unidos para tentar conseguir dados das contas do publicitário no exterior.
Porém, nos bastidores, comenta-se que com o surgimento da suspeita de caixa dois em Furnas, os governistas conseguiram mais força para segurar a nova convocação de Duda. Isso porque, quando Toledo foi diretor da estatal, ocupara o cargo por indicação dos tucanos. A base aliada pode até concordar com a volta do publicitário à CPI, mas vai exigir, em troca, a convocação do ex-diretor de Furnas.