Roseann Kennedy*
Governadores reunidos, em Brasília, com deputados federais e ministros da área econômica e das relações institucionais. Não há como ter dúvida da pauta: dinheiro.
O filme, que se repete, traz apelos para evitar mais gastos aos cofres públicos e, ao mesmo tempo, garantir mais caixa nos Estados.
Desta vez, os gestores pedem ao Congresso para prorrogar mecanismos da Lei Kandir e o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. Se as propostas não forem aprovadas, as medidas vão se extinguir no próximo dia 31/12.
Eles também tentam evitar a votação da chamada PEC-300, que cria o piso nacional dos policiais. A estimativa do Ministério do Planejamento é de que o projeto pode gerar gasto extra de até R$43 bilhões para estados e União.
Tem muita coisa curiosa nesse debate.
Sobre os prazos da Lei Kandir e do Fundo. Como se deixa chegar tão em cima da hora para tentar resolver? No caso específico do fundo, como durante dez anos os Estados não conseguiram se organizar para não terem dependência desse recurso?
A única resposta que encontro é falta de interesse em resolver os problemas reais e continuar encontrando manobras para aumentar o caixa, em vez de reduzir verdadeiramente os gastos desnecessários e garantir investimentos que possam gerar maior desenvolvimento.
Aí, a corda arrebenta do lado do trabalhador que sonha em ter um salário mais digno. Por isso, eles reclamam tanto para dar o reajuste do mínimo e agora tentam barrar o piso nacional dos policiais.
Não que eu seja favorável ao piso único dessa categoria. A princípio, embora confesse que espero conversar mais sobre o assunto com especialistas da área, não considero que será justo um policial de Brasília ganhar o mesmo de um de Sergipe.
E isso não tem relação com preconceito ou desmerecimento profissional de uma ou outra região. Apenas observo que o custo de vida dos sergipanos é muito menor que o dos moradores da capital federal. Isso está provado em números. É só olhar as pesquisas do IBGE e do Dieese, por exemplo.
Já ouvi o seguinte argumento: será apenas um piso, os estados poderão pagar a mais para compensar essas diferenças.
Mas, convenhamos, dá para acreditar que algum estado vai querer pagar a mais?
*Comentarista política da CBN, Roseann Kennedy escreve esta coluna exclusiva para o Congresso em Foco
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