Rachado desde que as delações da JBS vieram à tona com envolvimento do presidente Michel Temer (PMDB) e do senador Aécio Neves (PSDB-MG), a 14ª Convenção Nacional do PSDB começou, na manhã deste sábado (9), com fortes críticas dos tucanos à permanência do partido, até o momento, na base aliada de Temer. “O PMDB é o partido mais desmoralizado desse país. […] Tenho certeza que 99,9% do partido defende o desembarque do governo”, avaliou o deputado estadual do Rio de Janeiro Luiz Paulo.
Nitidamente dividido, os primeiros tucanos subiram ao palco para criticar o processo de votação e o fato de haver uma chapa única. A convenção para eleger a nova executiva nacional do partido aclamará o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como novo presidente da legenda. A expectativa é que Alckmin, que já havia nunciado que ao assumir desembarcaria do governo, anuncie a decisão neste sábado, mas o tucanato ameaça não emitir posição oficial.
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“O que eu vejo é um partido dividido, mal falado e que não segue o projeto programático. Como pode uma votação como essa, que não tenha uma lista dos candidatos afixada?”, criticou um prefeito tucano, que não quis se identificar, ao Congresso em Foco.
Além de Alckmin, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, bem como deputados federais e estaduais, prefeitos e governadores estão presentes. Conforme já divulgado em alguns jornais, Alckmin, possível candidato à Presidência pela legenda, assumirá o comando do PSDB com uma fala crítica ao ex-presidente Lula, seu possível adversário nas eleições presidenciais.
Disputa
A disputa pelo comando da sigla também foi motivo de crise no partido. No início de novembro, o governador de Goiás, Marconi Perillo, comunicou pessoalmente a Tasso, que presidia a sigla interinamento desde maio, quando Aécio se licenciou do posto, sua intenção de concorrer à presidência do PSDB. Uma semana depois, Tasso também oficializou sua candidatura. Em reação à candidatura de Tasso e com as acusações de que o cearense estava usando a máquina do partido para se reeleger, Aécio destituiu Tasso do comando partidário e indicou o ex-governador de São Paulo e vice-presidente da sigla, Alberto Goldman, para garantir “isonomia” na disputa entre os tucanos.
Goldman, com apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, começou uma tentativa de restabelecer o consenso pelo menos sobre o comando do partido em um trabalho de convencimento para que Alckmin concordasse em assumir a presidência tucana se Tasso e Marconi abandonassem a disputa. O governador paulista só aceitou a incumbência quase 20 dias depois, em uma reunião com a presença de Goldman, FHC, Marconi e Tasso no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo.
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