O empresário Darci Vedoin, um dos sócios da Planam, informou ontem que não comparecerá à acareação marcada para esta terça-feira no Conselho de Ética do Senado. O empresário, acusado de ser um dos chefes da máfia das ambulâncias, alegou problemas de saúde. O Conselho de Ética também deve ouvir hoje o senador Ney Suassuna (PMDB-PB), acusado pela CPI dos Sanguessugas de participar do esquema.
Darci ficaria cara a cara com o filho Luiz Antonio Vedoin, também sócio da Planam e um dos operadores da máfia no Congresso, o genro Ivo Marcelo Spínola da Rosa e o genro da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), Paulo Roberto Ribeiro.
O Conselho quer esclarecer na acareação o suposto pagamento da Planam ao genro da senadora em troca de emendas para a compra de ambulâncias. Os empresários alegam ter repassado a Paulo Roberto entre R$ 35 mil e R$ 40 mil em dinheiro.
O genro da senadora sustenta que recebeu da Planam apenas um cheque de R$ 37,2 mil, como pagamento por equipamentos hospitalares vendidos à empresa dos Vedoin, mas Marcelo Spínola alega que Paulo Roberto recebeu uma grande quantia em dinheiro dentro do esquema de venda de emendas parlamentares.
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Relator diz que Magno será o último a ser ouvido
O senador Demóstenes Torres (PFL-GO), relator do processo de cassação do senador Magno Malta (PL-ES), afirmou ontem que pretende ouvir todas as testemunhas de acusação e de defesa do caso antes de tomar o depoimento do parlamentar. Magno foi um dos três senadores denunciados no relatório parcial da CPI dos Sanguessugas.
"Tenho de ouvir todos, pois uma das alternativas é absolver o senador por falta de provas", disse o relator, que espera concluir a análise do processo antes das eleições, no dia 1º de outubro.
Até o momento, pesam contra Magno os depoimentos da família Vedoin, da Planam, de que o senador teria recebido da máfia das ambulâncias um automóvel como parte do pagamento pela promessa de apresentar emendas para beneficiar a empresa. Em defesa, o parlamentar afirma que o carro em questão foi um empréstimo pessoal do deputado federal Lino Rossi (PP-MT), que também foi denunciado no relatório.
Hoje, a partir das 14h, Demóstenes deve ouvir Hazenclever Lopes Cançado, chefe de gabinete de Magno, e José Luiz Cardoso, em nome de quem estaria registrado o carro comprado com recursos da Planam que o senador usou para transportar sua banda no Espírito Santo.
OAB vai sugerir projeto de reforma política
Para tentar acelerar a aprovação de uma reforma política no Congresso, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) instalou um fórum nessa segunda-feira para elaborar um anteprojeto com mudanças nas regras do sistema político nacional. A proposta deve ser apresentada na próxima legislatura.
O presidente da OAB, Roberto Busato, não adiantou quais serão os principais pontos do projeto, mas disse que a entidade vai priorizar temas como o financiamento público de campanhas e o voto distrital.
"Vamos nos debruçar sobre o tema. Essa eleição vai dar rumo novo ao Congresso Nacional. Todos concordam que basta ficarmos nessa situação. Todos estamos a favor de uma ampla reforma política, mas ninguém deu o primeiro passo para apresentar algo de concreto", disse.
Além da OAB, outras 13 entidades serão convocadas a discutir o anteprojeto da reforma política a ser encaminhado ao Congresso no ano que vem, entre elas a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical e a Associação Nacional de Jornais (ANJ).
Busato declarou que o "momento de desencanto" dos brasileiros com o processo político é ideal para a construção de um novo sistema político. Outro razão que motivou a OAB é o fato de não haver consenso entre os parlamentares em relação aos projetos de reforma política que tramitam no Congresso.