O Conselho de Ética do Senado aprovou requerimento estabelecendo que a próxima reunião do colegiado, na terça-feira (26), às 14h30, será a data-limite para o senador Delcídio do Amaral (s/partido-MS) prestar esclarecimentos sobre o processo de quebra de decoro parlamentar que responde no colegiado. Hoje (19), pela terceira vez, o senador deixou de comparecer à reunião do conselho.
Se Delcídio não puder comparecer pessoalmente à reunião, o colegiado já decidiu que aceita tomar seu depoimento por videoconferência, ou até mesmo por meio de uma comissão de membros do conselho que poderá se dirigir até onde ele estiver. “Se na próxima terça-feira ele não vier, nós vamos dar continuidade”, afirmou o relator, Telmário Mota (PDT-RR).
O advogado do senador, Raul Amaral, apresentou um requerimento para que a reunião de hoje fosse adiada, alegando que seu cliente ainda não teve acesso a todos os documentos que compõem o processo, incluindo a gravação que resultou na sua prisão preventiva, em novembro do ano passado, e a cópia de seu depoimento no acordo de delação premiada. “Para não haver prejuízo à ampla defesa, o senador deve ser ouvido com conhecimento prévio de toda a documentação”, disse Raul. No entanto, o colegiado voltou atrás e decidiu que não aguardará mais a juntada de documentos do Supremo Tribunal Federal sobre o caso do senador ao processo no Conselho de Ética.
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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) criticou as seguidas ausências do senador às reuniões do colegiado respaldadas por licenças médicas, que, por outro lado, não impedem que Delcídio siga concedendo entrevistas a veículos de imprensa nacional e internacional. “Na primeira convocação deste Conselho, o representado apresentou atestado, dizendo que não vinha, que não poderia vir, mas, dois dias antes, concedeu uma entrevista presencial ao Jornal Nacional, da Rede Globo – ou seja, não pôde vir, mas, dois dias antes, estava no Jornal Nacional. Na última vez, na segunda tentativa deste Conselho de convocar o representado, mais uma vez ele apresentou aqui um novo atestado médico, dizendo que não poderia vir, mas, dois dias antes também, coincidentemente, no dia 4 de abril, o representado concedeu uma entrevista ao New York Times, também em que estava presente, inclusive com direito a foto. Pela terceira vez consecutiva o representado argui que não pode vir, mas, há exatos dois dias, o representado concedeu entrevista ao jornalista Roberto Cabrini, do SBT”, lembrou Randolfe.
O senador Delcídio do Amaral foi preso preventivamente no dia 25 de novembro por tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato. O senador foi gravado em uma conversa com Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Na gravação, o senador ofereceu o pagamento de R$ 50 mil por mês à família Cerveró para que o ex-diretor não fizesse acordo de delação premiada. A prisão de Delcídio foi revogada no dia 19 de fevereiro, desde então o senador não apareceu no Senado.
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