Edson Sardinha
O Congresso em Foco acaba de ser anunciado como vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo na categoria de “Melhor contribuição à imprensa”. O mesmo título também foi dado ao site Museu da Corrupção, que faz um resgate dos escândalos políticos no país.
Os jurados levaram em conta a trajetória deste site desde o seu lançamento, em fevereiro de 2004, e o trabalho realizado este ano pela equipe, com a divulgação de diversos levantamentos e a revelação da farra das passagens no Congresso. O júri era formado por 25 jornalistas, que também julgaram os prêmios para as áreas de texto, fotografia, criação gráfica e primeira página. Leia também
A festa de premiação será no dia 8 de dezembro, no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Este é o segundo prêmio que o site ganha esta semana. Na terça-feira, o Congresso em Foco ganhou menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog.
O Congresso em Foco é uma iniciativa de um grupo de jornalistas de Brasília, a maioria egressa da chamada “grande imprensa”, unidos pela mesma convicção: a de que era possível cobrir o Congresso e a política de um modo diferente. Desde o final de 2006 o site está hospedado no portal iG.
Levantamentos
O Congresso em Foco foi pioneiro, ainda no ano de seu lançamento, na realização de levantamentos sobre a situação de parlamentares na Justiça. Uma iniciativa seguida, posteriormente, por outros veículos e que resultou em campanhas contra o que se convencionou chamar de políticos com “ficha suja”. Conheça os levantamentos sobre processos judiciais
Somente de setembro de 2008 pra cá, seis levantamentos sobre a situação processual dos parlamentares foram feitos pelo site. O monitoramento se estendeu a todos os candidatos a prefeito das capitais nas eleições do ano passado.
Com o compromisso de oferecer ao eleitor ferramentas para definir seu voto, o site apontou que havia 415 registros contra 86 dos 178 concorrentes ao Executivo municipal nas 26 capitais estaduais. E procurou todos os envolvidos para que explicassem a denúncia e apresentassem suas respectivas defesas .
Em 2009, foram levantadas as pendências judiciais dos líderes partidários, dos integrantes do Conselho de Ética e, por fim, de todo o Congresso. Em setembro, 152 parlamentares respondiam a acusações no Supremo Tribunal Federal.
O site também produziu outros levantamentos que servem de indicadores para o eleitor. Em fevereiro, o Congresso em Foco mostrou que o deputado Edmar Moreira, dono de um castelo e de firmas de vigilância, era o campeão em gastos da verba indenizatória com segurança particular. Edmar foi denunciado ao Conselho de Ética que, apesar de identificar que ele destinou recursos públicos para as próprias empresas, livrou-o da cassação. Conheça os levantamentos sobre uso de verbas
Antecipando-se à Câmara, o Congresso em Foco pesquisou quanto cada deputado gastou a verba indenizatória, destinada a cobrir despesas como transporte, alugueis, consultorias e divulgação de mandato. Foram R$ 84 milhões apenas em 2008. Em 2009, o site fez quatro levantamentos que mostravam a quantas andava a presença dos parlamentares no Congresso, em mais um serviço de monitoramento dos trabalhos legislativos. Conheça os outros tipos de levantamento
Farra das passagens
A partir do dia 16 de março, o Congresso em Foco começou a mostrar ao país que deputados e senadores de todos os partidos, líderes de bancada, ministros, ex-parlamentares, integrantes da Mesa Diretora, todos usavam como queriam passagens aéreas pagas com dinheiro público. Até artistas de TV e cantores gospel foram transportados com a cota parlamentar. Pelo menos 261 congressistas viajaram para o exterior.
As revelações continuaram. Um único parlamentar usou 40 bilhetes para viagens internacionais, todas para fins particulares. A descoberta de que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, viajara com passagens custeadas pela Câmara abriu uma nova frente de apuração jornalística.
Gilmar apresentou extratos de cartão de crédito e comprovou ter pago os bilhetes. A revelação obrigou a Câmara a investigar o mercado paralelo de venda de créditos aéreos, com a participação de funcionários do Congresso, de agências de viagem e, segundo os indícios, parlamentares.
Forçada pelas revelações, a Mesa Diretora da Câmara tomou medidas para disciplinar o uso das passagens para o futuro. Uma comissão de sindicância na Câmara abriu processo contra 44 servidores e seis deputados passaram a ser invetigados, um deles licenciado.
Alguns deputados devolveram o dinheiro gasto em viagens fora do exercício do mandato. Ao mesmo tempo, a cúpula do Congresso trabalhou para perdoar as irregularidades do passado. As viagens internacionais ficaram restritas na Câmara e proibidas no Senado. Proibidos também os voos a passeio e cujos passageiros são parentes dos parlamentares. As mudanças nas regras
Em virtude da quantidade de bilhetes emitidos para fins que não fossem o trabalho parlamentar, as duas Casas determinaram a redução da cota de passagens aéreas. Os deputados tiveram corte de 20% no valor mensal para a emissão de bilhetes, enquanto a redução na cota dos senadores chegou a 25%. A estimativa é de que as mudanças gerem uma economia de R$ 25 milhões aos cofres públicos por ano.
O Tribunal de Contas da União (TCU) considerou os fatos noticiados pelo site como uma “afronta à moralidade administrativa”.
Despesas médicas
Levantamento publicado em março pelo site mostrou que
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