O mal estar causado pela delação do ex-diretor da Odebrecht Cláudio Mello Filho, com revelações de que a empresa pagou propina ao presidente Michel Temer e mais de 50 políticos, deixou o Congresso ainda mais acuado no começo da penúltima semana de trabalhos deste ano. Deputados e senadores de quase todos os partidos esperam que as férias parlamentares do final do ano reduzam a tensão política. A base de apoio parlamentar decidiu concentrar forças para votar o essencial de interesse do governo – a proposta de emenda à Constituição que limita o teto de gastos da União por 20 anos, a primeira análise do projeto de reforma da Previdência, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e o próprio orçamento para 2017.
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Nesta segunda-feira (12), nem o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nem o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), apareceram para dirigir as sessões das respectivas Casas. Os senadores realizaram uma sessão esvaziada nesta segunda-feira (12), apenas com debates sobre a conveniência da votação da proposta do teto de gastos, que limita as despesas da União, dos estados e dos municípios pela inflação do ano anterior, alterando o regime fiscal pelas próximas duas décadas. Serviu apenas para contar prazo e votar em plenário o segundo turno da PEC do teto de gastos.
Na Câmara, nem a morte do deputado João Castelo (PSDB-MA) interrompeu os trabalhos na Comissão de Constituição e Justiça. O colegiado analisa a legalidade (ou admissibilidade) da proposta de reforma Previdenciária. “Estamos no limite da tensão. O mundo espera por este recesso para acalmar o país”, disse o deputado Benito Gama (PTB-BA).
Palavrão
A sessão da CCJ da Câmara foi uma amostra de como os congressistas estão acuados. Enquanto aguardava o quorum regimental, os deputados foram pressionados por sindicalistas que estavam na plateia do colegiado e anunciavam, ao mesmo tempo em tom de gozação e ameaça: “Cuidado com a Odebrecht”, dizia o presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores policiais Civis, Jânio Gandra.
Mesmo com a provocação, os deputados não reagiram. Preferiram fingir que nada estava ocorrendo. A certa altura do protesto, o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) reagiu e, em tom de brincadeira, anunciou: “O nome da Odebrecht não pode ser pronunciado. Virou palavrão”.
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