A lista de condenações crescerá com o desfecho de outros casos. Desde quando a Lava Jato foi deflagrada, em março do ano passado, Moro condenou apenas um quinto dos acusados de envolvimento no esquema de corrupção instalado há anos na Petrobras.
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Até a última sexta-feira (21), o juiz já havia acatado denúncias do Ministério Público Federal (MPF) contra 143 pessoas por crimes como corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e envolvimento em organização criminosa. Dessas, 33 (23% do total) já receberam sentenças em primeira instância. Ainda cabem recursos em tribunais regionais federais (TRFs), no Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou mesmo Supremo Tribunal Federal (STF).
As condenações mais pesadas até o momento são do doleiro Alberto Youssef, tido como principal operador do esquema de corrupção, e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, apontado como o principal elo entre os desvios na estatal e agentes políticos. Youssef foi condenado a 39 anos e 6 meses de prisão, enquanto Paulo Roberto Costa recebeu pena de 26 anos.
Ambos assinaram acordos de delação premiada para permanecer o menor período possível na prisão. Pelo acordo, Youssef deve cumprir apenas três anos em regime fechado. O restante da pena ele poderá cumprir em regime semiaberto. Já Costa cumprirá três anos de prisão domiciliar – o ex-diretor está preso em sua residência, de onde só pode sair com autorização judicial – e depois poderá progredir para o regime aberto, que, na prática, é uma flexibilização do atual. Nessa segunda etapa do cumprimento de pena, Costa estará livre durante o dia, mas obrigado a se recolher em casa no período da noite.
Cocaína
PublicidadeAlém dessas principais sentenças, na lista de Moro existem outras condenações que também já receberam penas relativamente altas. É o caso do traficante Renê Luiz Pereira. De acordo com a denúncia do MPF, Renê Pereira usava um posto de gasolina em Brasília (o Posto da Torre, controlado por Carlos Habib Chater, amigo de Youssef) para disfarçar a origem ilícita de recursos obtidos com a venda de cocaína.
O próprio Carlos Habib Chater também já foi condenado a dez anos e 3 meses pelo crime de lavagem de dinheiro. De acordo com o MPF, Chater cedeu seu posto de gasolina não somente para disfarçar a origem de recursos fruto do tráfico de drogas, como também de crimes como operação ilegal de câmbio. Ainda segundo as investigações, Chater utilizou a conta do posto para pagar propina a políticos, entre eles o senador Fernando Collor (PTB-AL), denunciado na semana que passou pela Procuradoria Geral da República. Collor é acusado de ter recebido R$ 26 milhões do esquema da Lava Jato.
Ainda na lista das pessoas ligadas a Youssef que já receberam penas altas está a doleira Nelma Kodama, condenada a 18 anos de prisão pelos crimes de associação a organização criminosa, evasão de divisas, corrupção ativa e por operar instituição financeira sem autorização do Banco Central. De acordo com a denúncia do MPF, Kodama era a chefe do núcleo criminoso de Youssef responsável por operações ilegais de cambio.
Das 33 pessoas até o momento condenadas por Moro, 16 estão direta ou indiretamente ligadas a Youssef. São ex-funcionários do doleiro ou empresários que mantinham empresas de fachada com ele. Também já receberam sentenças cinco pessoas ligadas à empreiteira OAS (entre executivos e ex-funcionários), como o presidente da empresa José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Leo Pinheiro, que recebeu pena de 16 anos e quatro meses de reclusão por organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Também faz parte da relação de condenados o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró (o executivo foi condenado, até o momento, a 17 anos de prisão) e três ex-executivos da Camargo Corrêa, um lobista (Fernando Soares, o Fernando Baiano), dois doleiros e um ex-agente da Polícia Federal, tido com uma espécie de office boy de Youssef.
Confira a lista completa dos condenados na Operação Lava Jato:
Alberto Youssef, doleiro acusado de ser o líder do esquema
Pena: a 39 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e por integrar a organização criminosa.
Carlos Habib Chater, um braço-direito de Yousseff proprietário do “Posto da Torre”, estabelecimento que deu origem às investigações da Lava Jato e foi utilizado como “plataforma criminosa” abastecendo políticos e ajudando a lavar dinheiro obtido de forma ilegal
Pena: 10 anos e 3 meses pelos crime de lavagem de dinheiro
Ediel Viana da Silva, tido como braço direito do dono do posto da Torre, Carlos Habib Chater
Pena: 3 anos de prisão por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica
Renê Luiz Pereira, acusado do crime de tráfico de drogas. Pelas denúncias do MPF, ele usou o “Posto da Torre” para disfarçar a origem ilícita dos recursos obtidos com a venda de cocaína
Pena: 14 anos pelo crime de tráfico de drogas
Faiçal Mohamed Nacirdine, um dos contadores que trabalharam para Youssef
Pena: 1 ano e 6 meses pelo crime de operar irregularmente instituição financeira
Nelma Kodama, doleira, tida como líder do núcleo criminoso responsável por ilegalidades em operações de câmbio. As investigações da Lava Jato tiveram como uma das origens as operações de câmbio comandadas por Kodama e Youssef.
Pena: 18 anos pelos crimes de evasão de divisas, operação de instituição financeira sem autorização do Banco Central, corrupção ativa e por pertencer à organização criminosa
Iara Galdino da Silva, braço-direito de Nelma Kodama
Pena: 11 anos e 9 meses pelos crimes de evasão de divisas, operação de instituição financeira sem autorização, corrupção ativa e por pertencer à organização criminosa
Maria Dirce Penasso, mãe de Nelma Kodama e funcionária da casa de câmbio da filha
Pena: 2 anos, um mês e 10 dias pelo crime de evasão de divisas e operação de instituição financeira de forma irregular
André Catão de Miranda, pessoa ligada à Youssef responsável por operações de câmbio
Pena: 4 anos de prisão em regime semiaberto pelo crime de lavagem de dinheiro.
Juliana Cordeiro de Moura, pessoa ligada à Nelma Kodama e Youssef
Pena: 2 anos e 10 dias pelos crimes de evasão de divistas e operação de instituição financeira sem autorização do Banco Central
Cleverson Coelho de Oliveira, motorista de Kodama. Efetuava o transporte ilegal de dinheiro do grupo
Pena: 5 anos e 10 dias pelos crimes de evasão de divisas, por pertencer à organização criminosa e por operação de instituição financeira irregular
Rinaldo Gonçalves de Carvalho, ex-funcionário do Banco do Brasil apontado como facilitador de transações bancárias efetuadas por Youssef e Nelma Kodama
Pena: 2 anos e 8 meses por corrupção passiva
Luccas Pace Júnior, ex-funcionário de Nelma Kodama, que era ligada à Youssef
Pena: 4 anos, 2 meses e 15 dias por operar instituição financeira irregular e por pertencer à organização criminosa
Esdra de Arantes Ferreira, apontado como um dos sócios do laboratório Labogem, tido pela PF como laranja de Alberto Youssef. O Labogem tentou contratos com o Ministério da Saúde
Pena: 4 anos e 5 meses pelo crime de lavagem de dinheiro
Leandro Meirelles, apontado como um dos sócios do laboratório Labogem, tido pela PF como laranja de Alberto Youssef.
Pena: 6 anos e 8 meses pelo crime de lavagem de dinheiro
Leonardo Meirelles, irmão de Leandro, também apontado como um dos sócios do laboratório Labogem, tido pela PF como laranja de Alberto Youssef.
Pena: 5 anos, 6 meses e 20 dias de prisão por crime de lavagem
Pedro Argese Júnior, empresário apontado como dono da Piroquímica Comercial, tida como uma das empresas de fachada de Alberto Youssef
Pena: 4 anos e 5 meses pelo crime de lavagem de dinheiro
Waldomiro Oliveira, apontado como “laranja” de Youssef nas empresas Empreiteira Rigidez e RCI Software. Elas efetuaram pagamento de propina a agentes políticos
Pena: 11 anos e 6 meses pelos crimes de lavagem de dinheiro e por pertencer à organização criminosa
Marcio Andrade Bonilho, sócio da empresa Sanko-Sider, empresa que efetuou pagamentos às empresas de Alberto Youssef para o repasse de propina
Pena: 11 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e por pertencer à organização criminosa
Carlos Alberto Pereira da Costa, apontado como gestor de empresas de fachada de Youssef
Pena: 2 anos e 8 meses pelo crime de lavagem de dinheiro
Jayme Alves de Oliveira Filho, ex-agente da PF tido como um office boy de Youssef. Jaime, inclusive, teria entregue recursos ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), denunciado essa semana pela Procuradoria-Geral da República (PGR)
Pena: 11 anos e 10 meses por lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa
José Aldemário Pinheiro Filho, chamado de Pinheiro Filho, presidente da OAS
Pena: 16 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e por participação de organização criminosa
Agenor Franklin Magalhães Medeiros, diretor-presidente da Área Internacional da OAS
Pena: 16 anos e quatro meses pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e por integrar por organização criminosa
Fernando Augusto Stremel Andrade, ex-funcionário da OAS
Pena: 4 anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro
José Ricardo Nogueira Breghirolli, ex-funcionário da OAS tido como um dos intermediários entre a empresa e o doleiro Alberto Youssef
Pena: 11 anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa
Matheus Coutinho de Sá Oliveira, ex-diretor financeiro da OAS. Pelas denúncias, ele determinava o pagamento de propina aos envolvidos no esquema
Pena: 11 anos de reclusão pelos crimes de lavagem de dinheiro e por integrar organização criminosa
Dalton dos Santos Avancini, ex-presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa
Pena: 15 anos e 10 meses pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e por pertencer à organização criminosa
Eduardo Hermelino Leite, conhecido como “Leitoso”, ex-vice-presidente da Camargo Corrêa
Pena: 15 anos e 10 meses pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e por pertencer à organização criminosa
João Ricardo Auler, ex-diretor do Conselho de Administração da Camargo Corrêa
Pena: 9 anos e 6 meses pelos crimes de corrupção e por pertencer à organização criminosa
Júlio Gerin de Almeida Camargo, o Júlio Camargo, ex-consultor da Toyo Setal. Ele foi responsável por denunciar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de ter pedido US$ 5 milhões para firmar contratos de navios-sonda com a Petrobras
Pena: 14 anos pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de capitais.
Fernando Antônio Falcão Soares, lobista conhecido como Fernando Baiano, tido como operador do PMDB
Pena: 16 anos e 1 mês de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro
Nestor Cerveró, ex-diretor da Àrea de Internacional da Petrobras
Pena: 17 anos 3 três meses pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
Pena: 26 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, por integrar organização criminosa.