O recém-eleito presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), suspendeu há pouco a sessão que teria como finalidade definir a composição da nova Mesa Diretora e os postos de comando das comissões temáticas. Segundo Sarney, o baixo quorum de senadores presentes – apesar de número regimental suficiente –, aliado ao acordo firmado entre líderes, facilitou a idéia de que as deliberações fossem realizadas amanhã, às 15h. A possibilidade de adiamento foi adiantada ao Congresso em Foco pelo agora ex-líder do PMDB, Valdir Raupp (RO). (leia)
Sarney suspendeu a sessão desta noite, com o compromisso de retomá-la amanhã, alegando que dessa forma os senadores poderiam deliberar “com responsabilidade, com paz, com concórdia”. “Para que a Casa encontre a solução para os seus problemas”, ponderou o senador, que, observando o regimento interno, cancelou a sessão ordinária desta terça-feira (3), para que a composição do novo quadro da Casa possa ser deliberada.
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Antes, às 10h, uma reunião de líderes promete mexer com os ânimos dos senadores. A briga principal é pelas comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Assuntos Econômicos (CAE). Um nome forte na disputa ao primeiro colegiado é o do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), cuja bancada fechou questão a favor de Sarney – e, assim, receberia a contrapartida. Atualmente, Marco Maciel (DEM-PE) é o presidente da CCJ.
Já a CAE, a princípio, parecia estar nas mãos do tucano Tasso Jereissati (PSDB-CE). Mas, depois do apoio do PSDB ao candidato derrotado por Sarney, o petista Tião Viana (AC), a indicação está quase descartada. Além disso, o governista Sarney, interlocutor cada vez mais próximo do Planalto (e, naturalmente, de Lula), não veria com bons olhos dois oposicionistas no comando das duas mais importantes comissões do Senado. Diante disso, até o nome do agora ex-presidente Garibaldi Alves (PMDB-RN), está considerado para a CAE.
A maioria dos senadores alega que a proporcionalidade – segundo a qual as maiores bancadas têm prioridade na indicação de seus membros aos principais postos, tanto na Mesa quanto nos colegiados – deve ser invariavelmente respeitada. Para o agora líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), tanto a proporcionalidade quanto os acordos entre líderes são praxe crucial, e as negociações devem ser conduzidas "sem violar esses dois princípios".
Sem direito
Depois do anúncio de Sarney, um grupo de senadores dialogava no centro do plenário, numa espécie de prévia do que vai ser a sessão desta terça-feira. A certa altura da conversa, Heráclito Fortes (DEM-PI) mencionou uma demanda apresentada pelo PR, que tem como membros Magno Malta (ES), César Borges (BA), Expedito Júnior (RO) e João Ribeiro (TO).
"Mas o PR não tem direito, não!", exclamou a senadora pedetista Patrícia Saboya (CE), advertindo que, caso o pleito persista, haverá confusão. Em tempo: o PDT tem apenas um senador a mais que o PR. Apenas um aperitivo dos debates de amanhã. (Fábio Góis)