Sobrepreços, paralisações, greves, mudança de finalidade. O conflito com os pescadores não é a única sombra a rondar o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Anunciado em 2006 pelo ex-presidente Lula como um polo que revolucionaria a região de Itaboraí (RJ), virou uma refinaria. Em vez de fabricar três tipos de plásticos, vai produzir derivados de petróleo, como gás de cozinha e óleo diesel. A expectativa é que 165 mil barris de petróleo sejam processados por dia.
O orçamento inicial, que era de US$ 6,5 bilhões, dobrou. O início das atividades foi empurrado de 2012 para agosto de 2016. No ano passado, as obras chegaram a ser paralisadas por determinação judicial. Em 2014, servidores cruzaram os braços por melhores condições. “Há configuração de conduta omissiva não só dos gestores diretos do empreendimento”, considera a ministra do TCU Ana Arraes, relatora do processo sobre o atraso na instalação das tubovias. O tribunal estima que, só nesse caso, o prejuízo passa dos R$ 213 milhões por mês. Os ministros aguardam explicações da atual presidente da empresa, Graça Foster, e de seu antecessor, José Sérgio Gabrielli.
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Em audiência no Senado, Graça fez mea culpa em nome da empresa. “Não há justificativa [para o sobrepreço]. Temos trabalhado muito depois do Comperj para ir para a rua com projetos que tenham um nível de maturidade adequado”, declarou.
Em nota à Revista Congresso em Foco, a Petrobras também reconheceu problemas. “Questões relativas a licenciamento ambiental, greves e processos de desapropriações para implantação do acesso de equipamentos especiais ocasionaram prazos e custos adicionais do empreendimento”. Situação agravada, segundo a estatal, por variação cambial, reajustes de contratos e replanejamento das atividades.
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