Para apurar a denúncia de que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, interferiu indevidamente no processo de compra da Varig, a Comissão de Infra-estrutura do Senado aprovou a audiência com sete pessoas, na manhã de hoje (5).
O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), se antecipou e apresentou um requerimento para ouvir os ex-diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu e Milton Zuanazzi. Ele também pediu uma audiência com o ex-procurador-geral da agência João Ilídio Filho e o juiz da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, Luiz Roberto Ayob, que cuidou do processo de falência da empresa – vendida para um consórcio de brasileiros e americanos e depois revendida à Gol.
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) pediu, e o governo concordou, em convidar para a mesma audiência o ex-procurador-geral da Fazenda Nacional, Manoel Felipe Brandão, e os ex-diretores da Anac Jorge Luiz Veloso e Leur Lomanto. Todos serão ouvidos na comissão na próxima quarta-feira, dia 11.
A comissão aprovou apenas convites pois todos não estão mais trabalhando no governo, mas o senador Demóstenes não descartou a possibilidade de criar uma CPI para convocá-los. "Eu acredito que eles virão, mas o caminho está aberto para a convocação numa CPI", disse. Hoje, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, Veloso e Lomanto confirmaram a denúncia de Denise Abreu.
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Discussão
Agora atentos, os governistas imediatamente marcaram presença na Comissão de Infra-Estrutura para não correrem o risco da oposição aprovar algum requerimento de convocação da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O clima ficou tenso durante a discussão do requerimento para investigar a denúncia feita por Denise Abreu.
"Não é que estamos corroborando o que a Denise está dizendo, mas nós do governo queremos esclarecer os fatos. Nós não tememos a investigação e não temos compromisso com o erro", disse Jucá. O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) acusou os governistas de "jogarem para a platéia". "A CPI dos Cartões Corporativos é uma farsa. O senhor aprova a CPI, mas depois o governo blinda e não aprova as convocações", afirmou.
A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), respondeu que onde os tucanos governam sequer existem CPIs. "Engraçado, lá em São Paulo, onde o tucanato governa por 12 anos, têm umas 70 CPIs enterradas". Demóstenes emendou. "A regra da democracia é a decência. Se o governo não tem compromisso com o erro, tenho certeza que irá demitir a ministra Dilma", provocou.
Na segunda audiência, marcada para o dia 18 de junho, serão ouvidos os sócios brasileiros do fundo de investimento Matlin Patterson, Marco Antônio Audi, Marcos Haftel e Luiz Gallo. Eles disputam na justiça o comando da VarigLog. Também serão chamados representantes dos trabalhadores da Varig. (Tatiana Damasceno)