O ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa foi a primeira testemunha do dia. Ele também defendeu que os decretos de crédito suplementar não afetaram a meta fiscal, pois a suplementação contava com recursos existentes, ou seja, tratou-se apenas de alterar a aplicação dos mesmos. Em relação aos avisos emitidos pelo Tribunal de Contas da União (TCU) ao governo, com alertas sobre possíveis irregularidades na edição dos decretos, Barbosa disse que a primeira notificação proferida pela corte não tinha valor legal e era passível de recurso.
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“No momento em que foi feita uma representação do Ministério Público contra a utilização de superávit financeiro e excesso de arrecadação para a edição de decretos, o governo imediatamente interrompeu a edição de decretos com essa fonte de recurso, até que essa matéria fosse esclarecida, o que ocorreu em outubro”, disse Barbosa.
Conhecimento
A segunda testemunha ouvida foi o ex-ministro da Educação José Henrique Paim, que falou sobre os decretos de suplementação orçamentária que beneficiaram o MEC. Paim disse que as medidas foram fundamentais para o funcionamento de diversos setores da pasta, como pesquisa científica e funcionamento de universidades. Segundo ele, outros decretos suplementares foram feitos anteriormente e não houve qualquer anotação do TCU em relação a essa questão específica.
A presença do ex-ministro foi criticada pela advogada de acusação, Janaina Paschoal, que disse que Paim não era mais titular da pasta à época dos decretos em análise. Janaina acusou a defesa de convocar testemunhas que não participaram dos fatos que compõem a denúncia e, portanto, não têm condição de colaborar para o esclarecimento do processo.
PublicidadePerícia
Presidente do colegiado, Raimundo Lira (PMDB-PB) informou aos membros da comissão sobre o cronograma de perícia técnica solicitada pela defesa. No próximo dia 27 será entregue o laudo pericial sobre documentos que embasam a denúncia contra a presidente: os quatro decretos de créditos suplementares de 2015 e os repasses realizados pelo Tesouro ao Banco do Brasil, manobra contábil que ficou conhecida como “pedaladas fiscais”.
A partir da entrega do laudo, defesa e acusação terão um prazo de 24h para tomar conhecimento. Se houver questionamentos, ambos os lados terão 48 horas para os assistentes de acusação e defesa apresentarem os respectivos laudos.
Com a perícia, a defesa pretende esclarecer questões como o impacto dos decretos de créditos suplementares no atingimento da meta fiscal, revista pelo Congresso no final de 2015. Já a acusação busca saber, entre outras coisas, se a presidente aguardou a aprovação do Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 5/2015 antes de editar os decretos que abriram créditos adicionais, e quanto o Tesouro devia às instituições financeiras federais em razão dos atrasos no Plano Safra, no fim do ano passado.
A reunião do colegiado ainda está em curso no Senado.
(Com informações da Agência Senado)