Eduardo Militão
A comissão de sindicância formada por deputados para investigar a suposta participação de parlamentares no comércio de passagens aéreas na Câmara escolheu hoje (11) os relatores dos casos que vai analisar.
Marcelo Ortiz (PV-SP) vai cuidar do caso de Paulo Roberto (PTB-RS), acusado por um ex-servidor. E Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS) vai relatar o processo contra Eugênio Rabelo (PP-CE), acusado por uma ex-funcionária também de reter salários dos subordinados.
Mendes Ribeiro não participou da totalidade da primeira reunião da sindicância. Ele foi informado de que seria o relator do caso pela reportagem. Ele acredita que a comissão não deveria investigar o caso, mas o Conselho de Ética.
A sindicância é formada por cinco deputados, incluindo o corregedor da Casa, ACM Neto (DEM-BA), e o terceiro secretário, Odair Cunha (PT-MG). Eles ouviram um breve relato dos três servidores da Câmara que fizeram a investigação do caso sobre a participar de agentes e funcionários dos gabinetes no esquema.
A ideia é continuar o trabalho daquela comissão, agora com foco nos parlamentares. Os deputados da comissão ainda vão ler a íntegra do relatório de quase mil páginas feito pelo trio de funcionários da Casa.
O documento vai ficar na Corregedoria da Casa e somente lá poderá ser consultado, para evitar vazamentos, embora parte já tenha sido publicada e outra parte encontre-se com jornalistas e deputados. Os deputados terão até a próxima reunião, na quarta-feira da semana que vem (19), para lerem o relatório.
A partir daí os relatores devem formular a sequência de oitivas e pedidos de documentos a serem feitos para esclarecer as dúvidas ainda não respondidas.
Paralelamente à sindicância, o corregedor da Câmara solicitou diligências sobre a situação de outros quatro parlamentares para esclarecer pontos obscuros do relatório feito pelos servidores da Casa: Márcio Junqueira (DEM-RR), Roberto Rocha (PSDB-MA), Veloso (PMDB-BA) e Paulo Bauer (PSDB-SC).
O deputado Paulo Roberto foi um dos protagonistas do caso que resultou na abertura da sindicância. Há quatro meses, este site revelou que da cota dele saíram passagens em nome do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e de sua mulher para os Estados Unidos. O ministro apresentou comprovantes de pagamento e pediu a apuração imediata da denúncia ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). A comissão de sindicância concluiu que Gilmar foi vítima de uma fraude executada por funcionários da Câmara.
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