Horas após a indicação de Abraham Weintraub como novo titular do Ministério da Educação, a deputada Alice Portugal, vice-presidente da Comissão de Educação da Câmara, já rascunhou um requerimento para convidá-lo a falar no colegiado. “Vou protocolar amanhã [terça, dia 9 de abril] bem cedo. Se ele puder vir já na quarta, ótimo.”, afirmou a parlamentar.
Para Alice, é necessário que Abraham deixe clara suas intenções frente à pasta, posição compartilhada com o presidente da comissão, deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB). “Temos que ouvi-lo sobretudo sobre a preocupação com a visão de mundo de tudo que vai ser apresentado pelo MEC”.
Abraham assume a Educação após quatro meses conturbados na pasta, até então comandada por Ricardo Vélez Rodríguez, que se notabilizou por comentários polêmicos e por sua proximidade com o escritor Olavo de Carvalho, que o tutelou ao cargo.
O novo ministro também é fã de Olavo e já deu demonstrações públicas disso. “Quando ele (um comunista) chegar para você com o papo ‘nhoim nhoim’, xinga. Faz como o Olavo de Carvalho diz para fazer. E quando você for dialogar, não pode ter premissas racionais”, disse em um evento no fim do ano passado, conforme relato feito à época pelo jornal O Estado de S.Paulo.
“Esse ministro sai da manga da camisa do presidente, do núcleo duro do governo, com posições de extrema direita. Sofre de intolerância política, o que para a convivência educacional é péssimo. Nada mais plural que a ambiência educacional em todos os níveis”, avaliou Alice.
“Vivemos em uma democracia. Agora ele passa a ocupar uma função que exige responsabilidade e precisa mostrar tolerância e respeito”, complementou Cunha Lima sobre os comentários do novo ministro.
O presidente da Comissão de Educação da Câmara, porém, não critica a influência olavista do novo ministro. “O problema da educação não passa por Olavo de Carvalho. Se ele gosta de Olavo de Cavalho ou não, não me interessa. O que preocupa é ter um plano implementado, como vai ser a nova gestão”, afirmou e completou: “É preciso ter uma compreensão de que a baixíssima atratividade do salário dos professores, a falta de vagas em creches, a desvalorização dos profissionais, nada disso são questões ideológicas”.
Novos rumos
Abraham Weintraub se formou em ciências econômicas pela Universidade de São Paulo (USP) em 1994. É mestre em administração na área de finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e professor de Ciências Contábeis na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Fez carreira no Banco Votorantim, onde atuou por 18 anos. Passou pela Quest Corretora, foi professor da Unifesp, e fundou o Centro de Estudos em Seguridade, que presta consultoria a empresas e publica uma revista sobre Previdência.
O caminho dele, todo alinhado ao mercado, também preocupa a vice-presidente a Comissão de Educação da Câmara. “Não sei exatamente a utilidade de um quadro do mercado na educação. Espero que o ministro saiba lidar com a conceituação de que a educação brasileira é laica e gratuita e não queira privatizar e quebrar esse condão da universalização”, disse a deputada Alice Portugal.
Cunha Lima, contudo, prefere esperar para avaliar. “Prefiro aguardar o início da gestão. Me preocupo mais com o resultado”.
Abraham deixa a vaga de número dois da Casa Civil, onde era secretário-executivo, e tinha como principal atribuição negociações em torno da reforma da Previdência, assunto que, aliás, já acompanhava desde a pré-campanha eleitoral ao lado do irmão, Arthur Weintraub, assessor especial da Presidência da República.
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Muito bem, mãos a obra!!!!
Vamos ver no que dá. Não conheço esse aí como não conhecia o Vélez, mas se cometer os mesmos erros do tapado do Vélez é f….
O Ministério da Educação precisa de um gestor e não de um Joseph Goebbels.
O lance de fazer propaganda ideológica do governo e fazer caça as bruxas tá ERRADO.
Tenho curiosidade em ver o quanto novo ministro é sangue-frio. Ser criticado ele vai, isso é inevitável. O Ministério da Educação é uma pasta muito visível, visto que lida com um tema que é do cotidiano de muitos brasileiros (a educação). A questão é saber se ele vai ignorar ou minimizar as críticas e seguir com a agenda do governo – que pode ser boa ruim, isso não vem ao caso agora – ou se ele vai perder a cabeça e adotar uma postura agressiva diante de críticos, seja em redes sociais ou discursos, para fins de intimidação. Não conheço o novo ministro, mas pelo pouco que li e vi no youtube, ele aparenta ser do grupo que não tolera críticas ou supostas ofensas a seu “intelecto superior”. Não sei se ele tem ego ou qual o tamanho dele, mas espero que ele aceite críticas..