O colegiado da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI), criada para investigar irregularidades envolvendo o grupo JBS e a Holding J&F, aprovou nesta quarta-feira (20) o plano de trabalho da CPI apresentado pelo relator, deputado Carlos Marun (PMDB-MS). Os trabalhos no colegiado tiveram início, efetivamente, na última terça-feira (12), com a escolha de Marun como relator. O deputado é um dos capitães da tropa de choque de Temer na Câmara.
Além do plano de trabalho, ainda hoje, a comissão deve começar a analisar os 215 requerimentos de convocação de depoentes e solicitação de informações junto às empresas e órgãos públicos que foram protocoladas até a manhã desta quarta-feira.
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Segundo Marun, poderão ser convocados para depor na CPMI procuradores e ex-procuradores da República, delegados e servidores da Polícia Federal, além de executivos e ex-executivos do BNDES, da JBS, entre outros envolvidos. O ex-procurador Geral da República, Rodrigo Janot é um dos nomes que podem ser convocados.
“Eu penso que estamos estabelecendo o início dos trabalhos. A ideia é que nenhum requerimento seja reprovado (…) queremos já aprovar alguns que entendemos imprescindíveis para o início dos trabalhos”, disse Marun.
O relator disse ainda que não tem interesse em ouvir os delatores da JBS, por considerá-los “mentirosos contumazes”, apesar de haver vários requerimentos para convocar os empresários.
Inicialmente, a CPI focaria nos empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à J&F nos governos Lula e Dilma. Com a reviravolta nas delações do empresário, Joesley Batista, e do executivo da JBS Ricardo Saud, a comissão deve ser utilizada pelos governistas para atacar o acordo de colaboração premiada fechado entre o Ministério Público Federal (MPF) e o grupo empresarial.
A comissão deve apurar como ocorreram operações de concessão de benefícios em financiamentos realizados entre a JBS e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Oposição
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) solicitou nesta quarta-feira (20) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a comissão seja suspensa por apresentar “vários vícios formais”. Randolfe entrou com um mandado de segurança para impedir que a CPMI examine as delações premiadas pelo Poder Legislativo e evitar a convocação de procuradores.
O senador argumenta que o trabalho da comissão deve se limitar à investigação dos crimes “da organização criminosa” dos irmãos Joesley e Wesley Batista, proprietários da JBS. Para Randolfe, a CPMI pretende ignorar os negócios firmados entre os executivos e altos membros do poder Executivo e constranger membros do Judiciário para barrar o avanço da Lava Jato.
Com informações da Agência Brasil
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