Escondidos muitas vezes sob nomes falsos, vários internautas hostilizaram a decisão do sargento Laci Marinho e do seu companheiro Fernando Alcântara, que já não pertence mais ao Exército, de deixar o país (leia mais aqui sobre o pedido feito pelos dois à Corte de Direitos Humanos da OEA).
Leia a posição do Congresso em Foco sobre o assunto
Em seus níveis mais brandos, houve comentários como o postado sob a alcunha “Heteroirônico”: “Tenho amigos viados e não gosto do jeito gay de ser, mas quem sou eu pra mandar na vida dos outros”. Mas alguns foram muito além e chegaram a defender “a matança de todos os gays e lésbicas”.
Do lado dos defensores de Fernando e Laci, muitos atribuiram os comentários mais agressivos a inveja (os gays ganham mais que os héteros, argumentaram alguns) ou mesmo a um mal resolvido problema de homossexualidade enrustida. Nesse aspecto, houve até citação atribuída ao escritor Herman Hesse: “Se você odeia alguém, é porque odeia alguma coisa nele que faz parte de você. O que não faz parte de nós não nos perturba”.
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Também houve promessas de revide, com agressões físicas contra homofóbicos.
Argumentos religiosos foram utilizados dos dois lados. Uns invocaram a Bíblia para pregar a intolerância contra quem deseja viver qualquer experiência fora do campo da heterossexualidade. Outros lembraram que a mensagem cristã é, essencialmente, de amor ao próximo, respeito ao outro e de perdão.
Para “Alpha”, um casal homossexual em plenas Forças Armadas representa um golpe contra as Forças Armadas: “Quer dizer que o casal de viadinhos está com medo. Pois deviam ter pensado nisto antes de ter queimado com a imagem do nosso nobre exército”.
Mais ou menos na mesma linha, João argumentou: Quer ser militar, tem que ser homem mesmo, não meio-homem”.
Proclamando em maiúsculas “FORA OS GAYS”, Aloísio atribui à mídia a difusão do homossexualismo “pq a maioria das pessoas que trabalham em tv, novelas etc. são gays ou amigos de gays”.
Raras foram as mensagens postadas com a necessária civilidade e respeito que devem demonstrar aqueles que desejam participar de um espaço democrático de debate. Seguem dois exemplos, um simpático e outro contrário ao casal:
“Tanto ódio e rancor que poderíamos estar combatendo e, ao invés disso, usamos ódio e rancor para julgar como as pessoas se amam. Eles se amam, se são homens ou mulheres qual o problema? É com você que eles querem se relacionar sexualmente? Não. Então os deixem amar em paz! E usem essa energia para combater reais maldades existentes no mundo, como a fome, maus tratos com crianças etc.” – escreveu Gabriela.
Eduardo condena o esforço de Laci para ser aposentado por invalidez e assim continuar recebendo a mesma remuneração que teria na ativa: “Ninguém merece sofrer agressões e perseguição. Quando participamos de algo que não gostamos ou não nos adequamos temos que procurar algo melhor, assim como muitos militares que deixam a instituição para seguir outras profissões, porque não se adequaram ao estilo de vida militar, ou por melhores salários. O que é inadmissível é: eles quererem sair do país e continuar recebendo seus vencimentos como militares da ativa. Querem ir embora: vão, solicite a demissão e vá procurar seguir sua vida conforme suas convicções, num ambiente que te aceite. A agressão homofóbica é um erro e é criminosa, porém, querer que pessoas mudem seus comportamentos e convicções, também não é certo. Tratar com respeito é o máximo que se pode pedir.
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